O Ministério da Saúde (MS) aponta que 40% a 50% das causas da mortalidade materna podem ser consideradas evitáveis. Caracterizada quando ocorre durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação. Hipertensão, hemorragias graves, infecções puerperais, complicações no parto, abortos inseguros e doenças cardiovasculares (DCV) são algumas das principais causas.
De acordo com a farmacêutica Aline Santana Goes, coordenadora do Serviço de Farmácia do Hospital e Maternidade Santa Isabel, muitas mortes podem ser evitadas no aprimoramento do acesso aos serviços de saúde, a partir de atenção adequada ao pré-natal, cumprindo o mínimo de consultas preconizadas, o que garante diagnósticos precoces doenças que pacientes podem acometer ao longo da gestação. “Na maternidade que atuo percebemos que muitas mulheres chegam ao nosso serviço com o déficit muito grande de consultas no pré- natal, que no mínimo são seis, porém muitas só iniciam as consultas pré-natais depois de 12 ou 16 semanas de gestação, e outras nem conseguem ter acesso”, afirma.
Para Alex Santana Oliveira, gerente do Laboratório de Citologia do Caism, a falta de realização de exames de rotina e preventivos, como por exemplo colo do útero e mama, somada a falta de autoconhecimento em relação ao seu próprio corpo, a fim de identificar alterações que possam ser tratadas ainda de forma inicial ou precoce, são algumas das principais negligências ainda existentes e que devem ser combatidas pelas mulheres.
Desafios no direito à saúde
Aline conta que o farmacêutico, como profissional da saúde, auxilia na luta pela saúde da mulher ao atuar em equipe multidisciplinar no planejamento e na avaliação da farmacoterapia da paciente, para o uso racional do medicamento e tratamento seguro. “Profissionais podem contribuir para o diagnóstico precoce de doenças, ao encaminhar casos suspeitos aos serviços de saúde, e no acompanhamento e tratamento farmacoterapêutico de mulheres acometidas por doenças hormonais ou ginecológicas. Além disso, contribui na orientação sobre métodos contraceptivos e ISTs, e na adesão a farmacoterapia de gestantes que apresentam alguma comorbidade, como diabetes e hipertensão”, detalha a farmacêutica.
Ao abordar sobre o parto e o puerpério, a farmacêutica Aline destaca que a vontade da gestante deve ser respeitada na instituição filantrópica em que trabalha. Há o direito ao parto humanizado, bem como o incentivo à amamentação desde o momento que o bebê nasce. “Aqui no Hospital e Maternidade Santa Isabel trabalhamos dentro dessa dinâmica de parto humanizado, aleitamento materno e exclusivo estimulando o contato pele a pele da mãe e do seu bebê, somos um Hospital Amigo da Criança e Amigo da Mulher”, enfatiza.
Questionada sobre como o profissional farmacêutico pode fazer a diferença, a farmacêutica afirma que é possível em todos os âmbitos, desde o balcão da farmácia comercial ao atendimento em farmácias de UBS. Além do atendimento às mulheres gestantes de alto risco auxiliando no uso correto de medicamentos onde muitas não aderem ou abandonam o tratamento por medo do medicamento ter algum efeito sobre o feto. Bem como, outras doenças que acometem a mulher ao longo dos anos. “O farmacêutico pode fazer seu papel de educador de saúde, prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde auxiliando a saúde da mulher”, conclui a farmacêutica Aline.
Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher
Segundo dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 51,4% da população sergipana é composta por mulheres. O Estado possui um Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) que é referência no atendimento, gerenciado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), e é o único a ofertar diversos serviços, como consultas especializadas e diagnóstico com exames específicos.
Enquanto farmacêutico citologista responsável pelo processamento, leitura e emissão dos laudos de exames preventivos do colo do útero (exame papanicolau) e de mama (citologia mamária) realizados pelos laboratórios de citologia conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) no estado de Sergipe, Alex atua na prevenção do câncer do colo do útero e de mama, e orienta o tratamento de forma correta e segura.
Saiba mais sobre os serviços do Caism
O Centro dispõe de exames, como citologia, biópsia, videohisteroscopia diagnóstica, colposcopia, ultrassonografia, eletrocardiograma, mamografia e exames laboratoriais. Dentre as consultas médicas, oferece ginecologia e obstetrícia, uroginecologia, mastologia, cardiologia, endocrinologia, geriatria e oncologia clínica. Além do pré-natal de alto risco para as gestantes de Sergipe que se enquadram nas diretrizes do programa, além dos serviços de nutrição, serviço social, psicologia e enfermagem. Em 2021, já foram realizados mais de 4.500 exames e mais de 3.000 consultas médicas.
“Para acessar o Caism a mulher precisa ter algum diagnóstico alterado comprovado por meio de exames, sejam eles do colo do útero ou mama ou ser paciente do estado de Sergipe enquadrada nas diretrizes do pré-natal de alto risco, ambos os casos, encaminhadas por intermédio da unidade básica de saúde de referência”, explica o farmacêutico Alex Santana.