No inverno, é comum que as pessoas recorram à automedicação para tentar amenizar sintomas de doenças respiratórias como gripes, resfriados, alergias e inflamações das vias respiratórias.
Mas a busca por alívio rápido pode ser perigosa, uma que vez o uso de alguns medicamentos, mesmo os isentos de prescrição, prolongar a recuperação de casos que seriam de fácil tratamento e mascarar doenças mais graves que exigem diagnóstico médico.
"O uso de medicamentos inadequados ou em doses incorretas pode ser ineficaz, atrasar o diagnóstico e o tratamento adequados, permitindo que a doença progrida e cause complicações", explica a farmacêutica Fátima Aragão, conselheira Federal de Farmácia pelo Estado de Sergipe e coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Farmácia Comunitária. Além disso, há o risco de interação medicamentosa, que pode potencializar ou inibir os efeitos dos medicamentos.
Normalmente, para o tratamento dos sintomas de resfriados e doenças respiratórias são indicados analgésicos simples e soro fisiológico nasal, medicamentos que dificilmente causam danos a curto prazo. No entanto, ao combinar medicamentos como anti-histamínicos, antialérgicos e vasoconstritores, há riscos maiores do aparecimento de efeitos colaterais, intoxicação por posologia inadequada e até mesmo surgimento de alergias.
A automedicação também aumenta o risco de efeitos colaterais indesejados no tratamento de condições e doenças crônicas comuns em idosos, o que pode levar a complicações graves ou piora dos sintomas.
Orientação profissional
Nesse contexto, é importante destacar a importância do diagnóstico médico e do papel dos farmacêuticos na orientação sobre o uso correto dos medicamentos. Os farmacêuticos podem fornecer informações sobre posologia adequada, efeitos colaterais, contraindicações e esclarecer dúvidas sobre medicamentos de venda livre, auxiliando no uso correto dos medicamentos e na prática do autocuidado.
"Seja por conta própria ou por indicação, deixamos, aqui, nosso alerta que essa prática pode causar até mesmo a morte", diz Dra. Fátima Aragão. Ela destaca algumas causas que levam o Brasileiro a se automedicar:
- Precariedade do sistema de saúde;
- Dificuldade de marcar consultas médicas;
- Variedade e facilidade em se adquirir produtos farmacêuticos;
- Venda livre e acesso à informação sobre doenças na Internet.
A automedicação é um hábito no Brasil. Isso torna o nosso País recordista mundial em automedicação. Segundo dados do Instituto de Ciências, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 89% dos brasileiros se medicam por conta própria. "Os riscos existem e em qualquer época, evidenciados principalmente no inverno ou em situações como a que vivemos há dois anos, de pandemia, envolvendo a Covid-19", reforça a conselheira.
A orientação profissional, aliada à conscientização do paciente e seus acompanhantes, é essencial para evitar a automedicação. Além disso, é importante não promover qualquer tipo de propaganda de medicamentos, inclusive vitaminas e medicamentos vendidos sem prescrição médica, e buscar uma abordagem humanizada na saúde, priorizando o cuidado adequado e responsável.