Sergipe já conta com a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), um novo método de prevenção à infecção pelo vírus da síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV) . Para explicar sobre o uso dessa nova medicação a Assessoria de Comunicação do Conselho Regional de Farmácia de Sergipe conversou com a farmacêutica Michelle Menezes, responsável pela dispensação dos remédios pelo Hospital Universitário de Sergipe (HU-UFS), junto com a farmacêutica Grace Anne. O HU é o único local do estado que oferta o PrEP hoje.
Lançado no Brasil, em 2017, está disponível desde março em Sergipe. A atuação pioneira do HU-UFS para promover a distribuição da PREP foi a criação de uma Unidade Dispensadora de Medicamentos (UDM) no ambulatório do hospital, em que medicamentos antirretrovirais são distribuídos aos pacientes.
Atualmente são 39 pacientes ativos no tratamento da Prep que consiste no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais. O procedimento é diário e baseia-se na tomada de uma pílula que contém dois medicamentos (tenofovir e entricitabina), e tem o objetivo de impedir que o paciente contraia o HIV. Vale ressaltar que esse método é apenas para a prevenção do vírus, porém a orientação do uso de camisinha ainda é realizada para a prevenção de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
Dúvidas
Para quem é indicada a PrEP?
Segundo a farmacêutica do HU-UFS, Michelle Menezes, “quem usa a PrEP não possui o vírus, toma o remédio justamente para evitar”, reitera. Ela destaca também que o medicamento é indicado especialmente para um grupo de pessoas em situação de maior vulnerabilidade, que tem maior chance de entrar em contato com o HIV. São eles:
- Trabalhadores do sexo;
- Gays;
- HSH (Homens que fazem Sexo com Homens);
- Travestis e transexuais;
- Casais sorodiscordantes (em que um tem o vírus e o outro não).
Me encaixo nos requisitos, e agora?
De acordo com a farmacêutica, o procedimento acontece a partir momento em que o paciente se entenda em algum desses grupos, o mesmo deverá se dirigir a Clínica Médica 1 no Ambulatório HU-UFS e procurar a equipe de enfermagem. Logo após esse primeiro contato se faz necessária uma entrevista com um enfermeiro para verificar os critérios de indicação. Em seguida uma consulta é agendada para um infectologista que irá realizar a devida orientação. Também será preciso fazer testes rápidos, como o de HIV, sífilis e hepatite.
Após seguir o referido fluxo e se encaixando nos critérios, o especialista irá permitir a obtenção dos medicamentos na farmácia do hospital.
Desafios
O método de prevenção se baseia no correto tratamento, o que torna fundamental o uso de maneira correta e ininterrupta dos comprimidos. Caso contrário, pode não haver concentração suficiente do medicamento na corrente sanguínea para bloquear o vírus. “De todos os pacientes que utilizam a PrEP no mundo, apenas um contraiu o HIV, porque não aderiu corretamente ao tratamento”, revela Michelle.
Para ela a PrEP deve ser combinada com outras formas de prevenção, “é importante que o paciente tenha consciência para evitar outras infecções”, frisa. A PrEP não previne outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e, portanto, deve ser orientado aos pacientes o uso de preservativos. A utilização da PrEP protege o paciente contra o vírus HIV, e é essencial salientar que o método não exclui as chances de outras ISTs.
Dentre os desafios, também está um específico do Ministério da Saúde, pois a estimativa é que até 2020 seja alcançada a meta 90/90/90. Isso significa que até ano que vem 90% dos pacientes infectados devem ter o diagnóstico, 90% destes estejam tratados e 90% estejam com a carga viral suprimida. Uma vez a carga viral indetectável, o paciente não transmite o vírus.