No último dia 24, o Diretor Tesoureiro do CRF/SE, Fábio Ramalho, participou como palestrante da I Semana de Farmácia do Complexo HUPES, em Salvador. Na ocasião, Fábio falou sobre a utilização dos gases medicinais, a partir da sua experiência como farmacêutico no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS).
Desde 2008, com a Resolução 470 do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e com as RDCs 69 e 70 da Anvisa, os gases medicinais são reconhecidos e regulados oficialmente como medicamentos e, portanto, são atribuições do profissional farmacêutico, que está presente em diversas etapas do processo. “Os farmacêuticos podem atuar com os gases medicinais desde a fabricação, na indústria, mesmo que essa não seja uma atividade privativa”, explica Fábio. “Após isso, com a utilização em hospitais, unidades de saúde e em domicílio, está prevista a presença do farmacêutico em todas as etapas”, conclui.
Mesmo os gases medicinais sendo reconhecidos como medicamentos desde 2008, a atuação do farmacêutico no Brasil ainda é limitada. “Em outros países, isso já é uma realidade há algum tempo. São exemplos a França, que regulamentou os gases como medicamentos desde 1992 e a Argentina, desde 1999”, conta o Diretor. Ele acrescenta ainda que, de acordo com uma pesquisa que está sendo feita pelo Grupo de pesquisa ao qual faz parte, menos de 25% dos hospitais em todo o país tem farmacêuticos responsáveis pela gestão dos gases medicinais. “Por isso é importante realizar palestras sobre o tema, apresentando a nossa experiência aqui em Sergipe e sensibilizando os colegas sobre o assunto e pela busca da qualificação para realizar essa função”, ressalta Fábio.
Apesar dessa regulamentação já possuir 11 anos, o que muita gente não sabe é que os gases medicinais são medicamentos e devem ser tratados da mesma forma que medicamentos nas formas tradicionais. Um bom exemplo disso é a indução anestésica. Assim como existem os anestésicos tradicionais, há também o gás óxido nitroso, que é utilizado com o mesmo propósito. Trata-se apenas uma outra forma farmacêutica, e que utiliza uma matéria prima extremamente barata, o nosso ar.
Em Sergipe, o HU-UFS apresenta uma experiência pioneira na gestão dos gases medicinais por parte a farmácia. Como é de conhecimento que poucos farmacêuticos estão atuando neta área, “Isso significa que são necessários mais profissionais para exercer essas funções”, esclarece Fábio. “Portanto, iremos realizar fiscalizações cobrando a presença do farmacêutico nessa área e para isso, precisamos sensibilizar a categoria para a necessidade de qualificação e preparação para ocupar esses espaços”.