Discretas e perigosas, doenças endêmicas continuam a afetar o país

Em 2015, o Maranhão passou por um pico de ocorrências de esquistossomose. Em 2016, o Norte do país se preocupou com o crescimento da Doença de Chagas, que só no Acre teve um aumento de mais de 200% dos casos confirmados num período de nove meses. Em janeiro de 2017, o Brasil passou pela sua pior crise de febre amarela nos últimos 30 anos. Só no primeiro mês do ano, foram confirmados, pelo Ministério da Saúde, cerca de 88 casos e 40 mortes.  Até o fim de março, confirmaram-se 574 casos e 187 mortes. Essas três doenças, não raro subestimadas, são exemplos de endemias. Nem sempre aparentes em números exagerados, elas são um desassossego que, pela sua recorrência, exige constante cuidado e atenção.

 

 

O que é uma doença endêmica?


Para ser considerada endêmica, uma doença deve se disseminar aumentada e repentinamente numa determinada área demográfica. O aumento em sua difusão deve ser maior que o previsto pelas autoridades e sua restrição à área de risco geralmente se dá a uma causa local, não se espalhando para outros territórios. Um exemplo de doença endêmica é a dengue, pois seus casos são registrados em espaços limitados, apenas onde há foco do mosquito transmissor.

 

Segundo o Diretor Tesoureiro do Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE), Francisco Feitosa, no Brasil, a situação de endemias como a Doença de Chagas e a Esquistossomose, está cada vez pior, por conta da falta de seriedade na execução de políticas públicas.  

 

“Considero essas doenças como invisíveis”, afirma Feitosa. Ele explica que em casos como os da Doença de Chagas e da Esquistossomose, que afetam, geralmente, quem mora em casas de taipa e costuma tomar banho em lagoas contaminadas, respectivamente, há negligência por parte dos governantes, uma vez que esses males se restringem a uma camada menos abastada da população. Já em relação à Dengue e à Chikungunya, os mosquitos não fazem distinção de classe social ao picar suas vítimas e, por isso, o controle é feito rapidamente.

 

Francisco ainda ressalta a importância da participação do farmacêutico no combate a essas doenças. “O farmacêutico, como profissional da área de saúde, deve estar engajado em toda a ação em prol da população. Ele tem um papel fundamental, pois tem contato direto com o público. Na farmácia, no laboratório ou em qualquer papel que exerça, o farmacêutico será uma peça chave na divulgação dessas doenças, principalmente relacionadas à população mais carente”, reconhece o diretor.

 

 

Surto de febre amarela


O célere crescimento no número de casos de febre amarela no país é algo que preocupa indivíduos de todas as regiões. Sua recorrência é mais intensa nos arredores do estado de Minas Gerais, onde foram confirmados 422 dos 574 casos registrados no Brasil, o que, segundo Feitosa, pode ter sido ocasionado por um desequilíbrio ecológico resultante do desastre de Mariana – MG. No entanto, como existe a transição de pessoas entre áreas de risco e outras regiões, é necessário que haja o cuidado para que essa doença não se alastre em maiores proporções.

 

A febre amarela se manifesta de duas formas: silvestre (FAS) e urbana (FAU). A diferença entre elas é o mosquito transmissor que as dissemina. Nas cidades, a febre amarela urbana é transmitida por meio do mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da Dengue, Zyca e Chikungunya. Contudo, não há registro de febre amarela urbana desde 1942. É a febre amarela silvestre que teve grande aumento no número de ocorrências no país este ano. Recorrente em macacos nas áreas de mata, esse tipo da febre é transmitido pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes.

 

Portanto, para a sua prevenção, é importante o uso de repelentes para evitar os mosquitos transmissores e a atualização da vacina, caso necessário. Ela pode ser aplicada a partir dos nove meses de idade (seis em áreas de risco). A dose é única, devendo ser repetida a cada 10 anos.

 

Em Sergipe, existem 15 Unidades de Saúde da Família (USF) que oferecem a vacina contra a febre amarela. São elas as unidades Augusto César Leite; Geraldo Magela; Pref. Celso Augusto Daniel; Ministro Costa Cavalcante; Dona Sinhazinha; Joaldo Barbosa; Edézio Vieira de Melo; Adel Nunes; Maria do Céu; Amélia Leite; Francisco Fonseca; José Machado de Souza; João Cardoso N. Júnior (CSU); Anália Pina de Assis e Laura Dantas Hora. Por estarem fora da zona de risco, os habitantes do estado só devem buscar a vacina em caso de viagem para áreas de foco da febre amarela.

 

10/04/2017 17:56
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