Cerca de 10% dos novos casos de diabetes tipo 2, uma condição em que o corpo se torna resistente à insulina, estão associados ao consumo de bebidas adoçadas, como refrigerantes, sucos de caixinha e energéticos. Essa conclusão vem de uma pesquisa publicada na Nature, uma das revistas científicas mais prestigiadas, que analisou dados globais sobre a doença em 2020, cobrindo 184 países.
Os especialistas explicam que essas bebidas são rapidamente absorvidas pelo corpo, causando picos nos níveis de açúcar no sangue. O consumo frequente ao longo do tempo pode levar ao ganho de peso, resistência à insulina e uma série de problemas metabólicos relacionados ao diabetes tipo 2 e a doenças cardíacas. Ambas as condições estão entre as principais causas de morte no mundo. Além disso, o estudo aponta para um aumento nas taxas de mortalidade, com 184 mil mortes anuais registradas em 2015, o que representa um crescimento de mais de 150 mil óbitos anuais até hoje.
Os maiores índices de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares estão na África Subsaariana e na América Latina, região que inclui o Brasil. Embora os dados não sejam específicos para o país, a pesquisa revela que, na combinação dos dados da América Latina com os do Caribe, 24% dos novos casos de diabetes e 11% dos casos de doenças cardíacas estão associados ao consumo de bebidas adoçadas nessas regiões.
Apesar de robusto, o estudo tem limitações, pois trata-se de uma pesquisa observacional, ou seja, não estabelece uma relação causal definitiva entre o consumo dessas bebidas e as doenças.
Impostos podem reduzir o consumo desses produtos
A análise acompanha a evolução dos casos e das mortes desde 1990. Um exemplo interessante vem do México, que apresenta os maiores índices de consumo. Os dados mostraram uma redução nas taxas de mortalidade nos últimos anos, atribuída às políticas adotadas pelo país, como a imposição de um imposto mais alto sobre bebidas adoçadas, em vigor desde 2014.
No Brasil, no final de 2024, a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta do governo federal que aumenta as taxas de impostos sobre essas bebidas. A medida deverá começar a valer em 2026.