Duas farmacêuticas que atuam na residência multiprofissional do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), foram selecionadas para fazer parte de um programa internacional da Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (da sigla em inglês ESCMID).
As residentes Geovanna Oliveira Carneiro e Renata Borges de Oliveira são as únicas farmacêuticas presentes e as únicas representantes da América Latina na edição atual da escola de verão da ESCMID, que seleciona membros para o Attendance Grant, na Holanda. Para a triagem, também realizada na Holanda, elas apresentaram trabalhos desenvolvidos em instituições do Sistema Único de Saúde (SUS) como parte complementar da residência.
Geovanna atua com Renata na farmácia clínica em atividades de logística e acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes da UTI e viu nesse intercâmbio a possibilidade de levantar discussões sobre temas como tuberculose e a importância do SUS na proteção social e no combate à desigualdade social no Brasil. “Estar ao lado desses profissionais no evento é uma experiência importante. Me traz esperança ver que, em termos técnicos, não estamos tão distantes. Agora, mais que nunca, entendemos o potencial que farmacêuticos têm para trabalhar com doenças infecciosas”, afirmou.
Renata Borges, que entrou na residência de Terapia Intensiva Adulto em 2023, revela que a experiência foi transformadora. “A resistência antimicrobiana está entre as 10 maiores ameaças à saúde pública global, e o uso excessivo e inadequado de antibióticos promove e acelera essa resistência, além de impactar no ecossistema. Nesse evento, vimos o quanto o mundo está preocupado em traçar estratégias para o uso seguro e adequado desses medicamentos. Lá, éramos as únicas farmacêuticas e foi fundamental para vermos a atuação da nossa profissão em programas de Stewardship de Antimicrobianos mundo afora. Voltamos para o Brasil mais cientes do nosso potencial e felizes por poder defender o nosso Sistema Único de Saúde”.
A coordenadora do programa de residência em UTI no Huol, Fernanda Lúcia Nascimento, acredita que essa conquista representa o reconhecimento do projeto político-pedagógico das residências multiprofissionais em saúde, que é voltado à formação integral dos residentes, dando acesso a experiências de grande impacto acadêmico, científico e assistencial. “O estímulo à leitura científica é incentivado durante a residência. Inclusive, para concluir a especialização, é necessário apresentar um trabalho de conclusão de residência”, explicou.
A vice-presidente do CFF e conselheira federal pelo Rio Grande do Norte, Lenira Costa, percebe a necessidade de destacar mais pesquisas como esta, realizadas em unidades do SUS. Ela também reconhece o trabalho de excelência feito pelas profissionais do Huol. "Ficamos muito felizes de ver notícias como esta, que destacam a atuação do farmacêutico em temas tão importantes para a sociedade e contribuem para a melhoria da saúde pública no País".
As farmacêuticas apresentaram os estudos “O que faz do Brasil um protagonista no combate à tuberculose? Uma perspectiva pós-pandemia do Rio Grande do Norte” e “Micoses endêmicas no Brasil: o SUS como garantia do acesso ao tratamento antifúngico”. Os conteúdos foram desenvolvidos a partir de dados coletados em estágio externo ao hospital (no Hospital Giselda Trigueiro), pois, além das atividades práticas nas enfermarias e leitos de UTI do Huol, os residentes passam por rodízios em hospital da rede do Estado.
Huol-UFRN
O Huol é um dos 45 hospitais universitários federais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O hospital possui quatro programas de residência multiprofissional em saúde que abrangem as áreas de concentração da UTI, Cardiologia, Atenção Psicossocial e Atenção à Saúde da Criança. Anualmente, são oferecidas 35 vagas para Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Farmácia. O Huol-UFRN faz parte da Rede Ebserh desde 2013.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do SUS ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
