Uma pesquisa conduzida por cientistas do Hospital Nacional de Posadas, na Argentina, adiciona mais evidências à eficácia da citisiniclina no combate ao tabagismo. Ao analisar os resultados de 12 ensaios clínicos envolvendo quase 6 mil participantes, constatou-se que em dois deles a substância mais que dobrou as chances de cessar o consumo de cigarros. O estudo comparou a citisiniclina com outras abordagens para lidar com o tabagismo, como adesivos de nicotina, gomas de mascar, inaladores e a substância vareniclina, já utilizada comercialmente.
Sintetizada em 1964, a cistisiniclina começou a ser considerada como tratamento para o vício em cigarros apenas nos últimos anos. Em julho de 2023, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos revelou que 25,3% dos voluntários conseguiram abandonar o hábito ao utilizar esse medicamento.
O mecanismo de ação da nova medicação é semelhante ao da vareniclina, já aprovada nos Estados Unidos e no Brasil. No caso brasileiro, a medicação chegou em 2006.
O fármaco, dentro do organismo, se conecta aos receptores de nicotina no cérebro. É como se o composto ocupasse o mesmo lugar da nicotina, caso tivesse sido absorvida pelo corpo, através do fumo.
A conselheira federal de Farmácia por Santa Catarina, Sarai Hess Harger, destaca a importância de novos tratamentos para quem sofre com o vício. “O tabagismo, além de ser a principal causa de morte evitável, é um fator causal de aproximadamente 50 outras doenças incapacitantes e fatais. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), o fumo é responsável por 71% das mortes por câncer de pulmão, 42% das doenças respiratórias crônicas e aproximadamente 10% das doenças cardiovasculares, além de ser um fator de risco para doenças transmissíveis, como a tuberculose. Dito isso, o combate ao tabagismo, por meio de novas pesquisas e tratamentos, é urgente”.
Sarai reflete que o baixo custo do tratamento pode ser um forte aliado para os países de baixa e média renda: “São países onde existe certa urgência de formas de tratamentos com boa relação custo-benefício. O tratamento com a cistisiniclina deve baratear o tratamento e ser mais acessível”.
A empresa farmacêutica responsável pelo desenvolvimento do medicamento, a Achieve Life Sciences, planeja solicitar a autorização de comercialização à Food and Drug Administration (FDA), órgão equiparado à Anvisa nos Estados Unidos, durante o primeiro semestre deste ano. Ainda não há uma estimativa para o início da disponibilidade da substância no mercado brasileiro.