O crescimento espetacular do mercado de pets, no Brasil, está abrindo possibilidades para o farmacêutico veterinário. Em 2020, o setor faturou R$ 40,1 bilhões, segundo revela o Instituto Pet Brasil, o que o coloca entre os mais rentáveis do mundo. As perspectivas são de crescimentos maiores, ainda, fato que faz expandir o segmento da farmácia com manipulação veterinária e consolidá-lo como um nicho de mercado atraente para os farmacêuticos.
O crescimento desse nicho ganha o reforço das normas que dispõem sobre as atribuições do farmacêutico no setor, como a Instrução Normativa do Ministério da Agricultura e Pecuária (In Mapa nº 41/2014), que determina que a prescrição magistral de uso veterinário seja manipulada exclusivamente, em farmácia veterinária, e sob a responsabilidade do farmacêutico, o que dá segurança jurídica ao profissional.
Faltam disciplinas específicas nos cursos de Farmácia
À Instrução do Mapa juntam-se as resoluções nºs 366/01 e 572/13, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), em que o órgão reconhece a farmácia veterinária como especialidade farmacêutica. Mas, apesar do crescimento do mercado de pets, ainda, há pouca oferta de disciplinas específicas para essa área nos cursos de Farmácia no âmbito da graduação.
A farmacêutica Zilamar Costa Fernandes, professora aposentada de Farmacotécnica da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, coordenadora do Fórum dos Conselhos Federais da Área da Saúde (FCFAS) e assessora da presidência do CFF para assuntos de educação farmacêutica, explica: “Os cursos não acompanham a dinâmica da profissão farmacêutica, que é muito rápida”.
A coordenadora do FCFAS lembra que o Conselho Federal de Farmácia reconhece a importância das novas tecnologias e das inovações na metodologia pedagógica, estabelecidas, desde 2017, quando da implantação das Diretrizes Curriculares, e vê, com preocupação, que muitas instituições de ensino não estão aplicando as inovações metodológicas. “É importante que os coordenadores de cursos atentem para a necessidade de atendimento pleno das Diretrizes, de modo que a formação contemple a aplicabilidade do exercício profissional”, concluiu.
Para a farmacêutica veterinária Raquel Ottero, a carência de disciplinas voltadas para a área veterinária na grade curricular do curso de Farmácia é mesmo uma das responsáveis pela ausência de farmacêuticos qualificados nesse segmento. A origem disso, explica ela, está no fato de os cursos de Farmácia serem voltados para a saúde humana. Dra. Raquel Ottero reforçou que o mercado de pets está aquecido e necessita de farmacêuticos com conhecimentos técnico e científico na área.
Confira a entrevista na íntegra na revista Pharmacia Brasileira nº 99.