Os farmacêuticos Cliomar Alves e Lysandro Borges são referência de informação quando se fala no coronavírus SARS Cov 2 no estado de Sergipe. Além de ambos estarem à frente de instituições ligadas à pesquisa e trabalho com a pandemia, ficaram conhecidos pela população pela linguagem fácil e acessível usada nos meios de comunicação para desmistificar a doença.
Cliomar Alves é doutor em Ciência da Saúde e superintendente do Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen) e o Prof. Dr. Lysandro Borges coordena a Força Tarefa Covid-19 da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e é docente em imunologia clínica.
A preocupação primordial do Lacen é entregar resultados dos exames de qualidade no menor espaço de tempo possível para a população. E a Força Tarefa Covid-19 da UFS visa ampliar a testagem em Sergipe.
Cliomar lembra que o Lacen passou por diversos momentos difíceis desde o início da pandemia e que quando a demanda é superior à capacidade de trabalho, a preocupação aumenta. “Já passamos por várias fases. Desde falta de insumos no mercado mundial, falta de equipamento para extração automatizada e falta de material para fazer coleta de amostras. Hoje nós temos tudo, mas a demanda aumentou muito. A nossa preocupação atual é como fazer para entregar os resultados dos exames à população, principalmente aos sintomáticos, que aguardam em filas de UTI, pois sabemos da importância deste resultado para a vida dessas pessoas”, ressalta o superintendente.
Já Lysandro Borges explica que a Força Tarefa Covid-19 visa a testagem em massa por RT-PCR e testes rápidos para obter um padrão epidemiológico da doença, consequentemente ter a noção exata da quantidade de casos da doença no Estado, reduzindo assim a subnotificação. “A testagem da população vulnerável, principalmente das comunidades quilombolas, das pessoas em situação de rua, dos apenados, das pessoas que não têm condição financeira de fazer o teste. O papel da Força Tarefa Covid-19 da UFS tem o papel de fazer um scanner dessas pessoas. Descobrir onde elas estão, fazer as testagens e descobrir qual a prevalência da Covid-19 nestas populações e no Estado”, explica.
Farmacêuticos
Assim como estes dois profissionais, diversos outros farmacêuticos dentro das suas diferentes áreas estão na linha de frente em combate à Covid-19. O profissional farmacêutico atua desde as análises clínicas da biologia molecular, dos testes sorológicos, dos testes de antígenos, até os leitos de UTI, clínicas e farmácias.
“Podemos citar como exemplo a confecção de álcool em gel, a elaboração de helmet, no desenvolvimento de estratégias epidemiológicas como a Força Tarefa Covid-19, testando mais de 30 mil pessoas até o dia de hoje e assim elaborando estratégias e políticas públicas, dando subsídios ao governo do Estado e aos municípios de como lidar melhor com a doença”, diz o coordenador Lysandro Borges.
Comunicação
Tanto Cliomar quanto Lysandro revelam que não esperavam se tornar fonte de informação para os veículos de comunicação, mas entendem que o cargo que ocupam se tornaram alvo de dados desde o início da pandemia. “É inerente ao meu trabalho e ao cargo que ocupo no Lacen. Procuro dar a informação de maneira clara e objetiva. O intuito é passar a informação, tanto para as pessoas leigas que não são da área da Saúde, quanto para as pessoas da área. Sempre converso com os jornalistas após as entrevistas e percebo que esta é a pandemia da comunicação. Onde as informações chegam assim como os exames, em tempo real para a população. Então, precisamos passar informações de qualidade para que as pessoas estejam bem informadas e tomem decisões com clareza pensando na coletividade, como por exemplo usar máscara, evitar aglomerações, fazer uso de álcool em gel e cuidar de si, que também estará cuidando do próximo”, diz o farmacêutico acrescentando que fica feliz quando recebe o feedback das pessoas relatando que ele esclareceu suas dúvidas.
Lysandro Borges ressalta que o objetivo de toda equipe da Força Tarefa Covid-19 é nortear o Governo do Estado, as prefeituras e a população sergipana fornecendo teste rápidos, sorológicos, anti-higiênicos e ajudando a coletar o RT-PCR e, que é coletado no Lacen. “A minha maior preocupação em comunicar é passar informações com credibilidade, embasados em artigos científicos internacionais, em consenso resoluções e normas, trazendo à luz e descomplicando assuntos como a epidemiologia e a imunologia, de maneira que a população em geral consiga compreender”, diz.
Outra preocupação é o combate às fake news que causaram pânico e prejudicaram a prevenção correta da doença. “A responsabilidade em comunicar é grande, já que as notícias devem ser divulgadas com critério técnico-científico, sem visão política e nem ideológica. Pois diferente disto não é mais ciência, e acabam descambando para outras áreas que não é a função do pesquisador”, enfatiza Borges.