Preocupados com o crescimento do número de crimes contra a mulher desde o início da pandemia, o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) e a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Sergipe (OAB/SE) reforçam a importância da campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica. De acordo com o Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), 14 mulheres foram vítimas de feminicídio em Sergipe no ano de 2020.
A campanha produzida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) no ano passado tem o intuito de tornar a denúncia mais simples e ajudar as vítimas a romperem o silêncio. Para denunciar, basta que a vítima mostre um “X” vermelho marcado em uma das mãos para o funcionário de alguma farmácia. O projeto conta com a parceria de 10 mil farmácias e drogarias em todo o país. Confira aqui a lista com as redes de farmácia que assinaram o termo de adesão à campanha.
Assim como estas farmácias, o CRF/SE e a OAB/SE apoiam esta campanha e pedem que a sociedade ajude a denunciar casos de violência contra mulheres. De acordo com a secretária-geral do CRF/SE, Elisdete Santos, a farmácia é um local ‘neutro’ onde a mulher vítima pode vir a se sentir segura para denunciar. “Estas mulheres já estão assustadas pela sua realidade e muitas vezes têm medo de ir a uma Delegacia. A campanha visa atender este pedido de socorro da vítima que possa ver no farmacêutico um profissional que intermedeie. O funcionário que recebe esse pedido de ajuda através do X vermelho, deve ligar para a polícia e relatar o ocorrido. Esta mulher vítima deve ser encaminhada a DAGV, onde será ouvida e encaminhada aos grupos de apoio e as demais medidas cabíveis serão tomadas pela autoridade policial”, detalha.
Desde o início da campanha, as farmácias que aderiram à iniciativa procuraram informar suas equipes de todo o procedimento para acolher as vítimas. “No ano passado a empresa fez uma ação interna para informar os funcionários da campanha. Assim, a equipe está orientada para que quando uma mulher com um X na mão nos procurar, o funcionário acione a polícia para que as medidas necessárias sejam tomadas”, explica Carla Viviane, farmacêutica da rede de farmácia Drogasil, acrescentando que as mulheres ainda têm muito receio de denunciar.
A advogada, membro da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher OAB/SE e Coordenadora do GT Violência Doméstica CDDM, Vanessa Correia, ressalta a preocupação com os números alarmantes de violência doméstica em Sergipe, agravados durante a pandemia. “A OAB sempre se mostra atuante no combate a violência de gênero e através da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher promovendo ações de conscientização e promoção de campanhas sobre o assunto. Solicitamos também que a sociedade se mantenha ativa nessa luta, ajudando na denúncia e orientando esta vítima”, diz.
A ação de denúncia silenciosa auxilia mulheres que estão precisando de socorro e não conseguem ajuda. Em geral, na maioria das vezes não são levadas para hospitais para não despertar suspeitas, a farmácia virou a melhor opção de ajuda. “As mulheres vítimas tem mais um local para denunciar. As farmácias são um local próximo e de fácil acesso a todas as mulheres”, afirma Elisdete Santos.
Em tempos de isolamento as mulheres que sofrem violência doméstica convivem também com a dificuldade de denunciar seus agressores porque estão o tempo todo em sua companhia. “Caso saibam de alguma mulher que esteja sendo vítima de violência, peça ajuda, oriente essa vítima a se dirigir a uma farmácia com o X vermelho na mão e pedir socorro. Com essa atitude podemos estar salvando uma vida”, ressalta Vanessa Correia.
Para se inscrever
A participação da farmácia é voluntária, através de um preenchimento de um formulário no site Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Os funcionários poderão participar da ação sem precisar ser conduzidos a delegacia para testemunhar.