Em cumprimento ao que havia declarado no início da semana, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, realizou duas reuniões com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), na tarde de ontem, para tratar da parceria entre a profissão farmacêutica e o governo no enfrentamento à pandemia de COVID-19. O CFF aguarda, agora, as providências do ministério para que as medidas sejam efetivadas.
A primeira reunião foi do próprio ministro com o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, e a assessora da Presidência do CFF, Josélia Frade. Eles debateram cinco problemas que estão sendo enfrentados no combate à pandemia de COVID-19 e ontem mesmo o conselho encaminhou, ao ministério, um documento com sugestões de como os farmacêuticos podem colaborar na solução de cada um deles, e os desafios a serem vencidos para isso. No documento (ACESSE A ÍNTEGRA AQUI), o CFF elenca, além das farmácias comunitárias, os diferentes segmentos da profissão, desde as universidades até os laboratórios de análises clínicas.
O Brasil possui 705 cursos presenciais de graduação em Farmácia, 9,7 mil laboratórios de análises clínicas sob a responsabilidade técnica de farmacêuticos, cerca de 90 mil farmácias, sendo 8,3 mil farmácias com manipulação, e uma categoria composta de 221 mil profissionais em atividade. “Toda essa estrutura e o enorme exército de farmacêuticos tecnicamente capacitados para atuar em suas respectivas áreas podem e devem ser colocados a serviço do país, desde que sejam asseguradas as condições do ponto de vista operacional, normativo e legal”, destacou o presidente do CFF.
Walter da Silva Jorge João destacou que farmácias com e sem manipulação, incluindo as farmácias universitárias, laboratórios de análises clínicas e de farmacotécnica das universidades e os farmacêuticos que atuam nas farmácias comunitárias podem, respeitando suas áreas de atuação, contribuir no preparo de álcool em gel, na coleta de amostras e na realização de testes RT-PCR, na vacinação e principalmente no atendimento aos pacientes, minimizando a sobrecarga nos serviços de saúde. No entanto, o presidente reforçou a necessidade de garantia, por exemplo, de Equipamentos de Proteção Individual, os EPIs, e de alteração de normativas, como a adequação da metragem mínima para implantação de salas de vacinação nas farmácias.
A segunda reunião foi entre a vice-presidente do CFF, Lenira da Silva Costa, o assessor da Presidência do conselho, Tarcisio José Palhano, e o diretor do Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde da Secretaria, da Secretaria de Gestão do Trabalho em Saúde (DGETS/SGETS), Alessandro de Vasconcelos. Pela sua militância como representante da área de análises clínicas, a vice-presidente do CFF reforçou a importância de o Ministério da Saúde envolver os laboratórios de análises clínicas e bancos de sangue nas atividades de combate ao novo coronavírus.
O Ministério da Saúde pediu o apoio do conselho em medidas que permitam o aproveitamento da força de trabalho dos concluintes dos cursos de Farmácia como voluntários para estágio em locais onde estejam sendo atendidos pacientes com a COVID-19. Como contrapartida, será garantida bonificação de 10% na pontuação dos voluntários que participarem de concursos para residência, além da contagem dessas horas como estágio.
Outra contribuição solicitada ao conselho foi quanto à implementação do Programa Registra RH-COVID-19, uma plataforma de capacitação de profissionais da saúde para o enfrentamento ao novo coronavírus que o Ministério da Saúde vai colocar no ar. A capacitação dos profissionais da saúde em atividade será compulsória para todos (com exceção daqueles que fazem parte dos grupos de risco), independentemente de estarem envolvidos ou não no atendimento à população. A exigência será prevista em resolução específica a ser aprovada pelo CFF, que já forneceu ao ministério o cadastro de todos os farmacêuticos em atividade no país. Na reunião, o ministério anunciou um plano de apoio psicológico aos colaboradores que enfrentarem problemas como a Síndrome de Burnout.
Em entrevista coletiva antes da reunião com o presidente do CFF, o ministro da Saúde antecipou-se e determinou que unidades básicas de saúde do Brasil descentralizem, ao máximo, a aplicação das vacinas. “Senhores secretários, construam parcerias com redes de drogarias, com farmácias, façam postos volantes, diminuam a aglomeração de idosos para a aplicação da vacina”. De acordo com a pasta, as doses da primeira etapa já foram recebidas pelas secretarias de Saúde municipais.
O ministro também anunciou a recomendação da ampliação para 6 meses no prazo de validade do receituário. O CFF recomendou cuidado na medida, sendo necessário que ela venha acompanhada de um planejamento criterioso, de forma que não resulte em no abastecimento de medicamentos. “É preciso ter cuidado quanto ao adequado dimensionamento da estrutura de armazenamento, ao prazo de validade dos medicamentos e também à definição do perfil de pacientes a serem priorizados e o estado de controle das doenças de base”, lembrou o presidente do CFF.
Para o CFF, a implementação da prescrição farmacêutica colaborativa por repetição de prescrição médica para pacientes com condições crônicas estáveis precisa ser considerada. “Durante as consultas farmacêuticas, os colegas podem identificar, também, as necessidades de pacientes e familiares, assim como promover a educação em saúde quanto ao uso correto, seguro e racional de medicamentos e realizar os devidos encaminhamentos a outros serviços de saúde, quando necessário. Somos fonte segura de informação para a sociedade e os profissionais da saúde”, observou o presidente do CFF, lembrando que o ministério deveria, com urgência, considerar a possibilidade de farmacêuticos prescreverem medidas de isolamento domiciliar para pacientes com sintomas leves e seus contatos próximos e domiciliares.
O presidente do CFF salientou que o conselho e a profissão farmacêutica estão a serviço da sociedade, e à disposição do Ministério da Saúde para buscar respostas rápidas aos desafios que estão colocados neste momento de emergência pública.
Fonte: CFF