Movimento Praia Limpa em Aracaju. Foto: Cleverton Macedo/ TV Sergipe
Desde 30 de agosto, grandes manchas de óleo se espalham pelo litoral brasileiro e já ultrapassam a 2 km de região afetada. Atualizado no dia 28 de outubro, o balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), indica que 254 locais dos nove estados do Nordeste já foram afetados pelo óleo de petróleo cru. O considerado maior acidente ambiental em extensão do Brasil não só afeta o meio ambiente, como também a saúde. E foi nesse contexto que a Ascom do Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) entrou em contato com o farmacêutico Cliomar Alves dos Santos, superintendente do Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe - Instituto Parreira Horta (Lacen/SE).
Nas últimas semanas, da Bahia ao Maranhão, a mobilização de centenas de voluntários para limpar o óleo em mais de 100 praias nordestinas tem se tornado motivo de preocupação. A substância que se encontra no misterioso óleo é tóxica, e contém em sua composição química hidrocarbonetos, composto por xileno, tolueno e benzeno, elementos cancerígenos para os seres humanos.
“Tendo o primeiro contato com a substância as pessoas podem apresentar problemas dermatológicos, ou seja, irritativos. Os riscos vão desde as alergias às dermatites, bronquite, asma e pneumonia”, explica Cliomar. Ainda acrescenta que esses hidrocarbonetos quando estão se degradando podem exalar gases altamentes tóxicos capazes de afetar os pulmões das pessoas.
Já o impacto a longo prazo pode causar algumas complicações devido ao contato maior com o óleo vazado no litoral nordestino. O farmacêutico Cliomar alerta para a possibilidade do desenvolvimento de cânceres, visto que as substâncias do óleo são tóxicas. “Existem pessoas que um simples contato à pouca quantidade não vai causar nenhum efeito aparente, mas para aquelas pessoas que têm uma longa exposição de quantidade e tempo ao óleo é indicado ir direto ao médico procurar atendimento para evitar maiores complicações”, afirma o superintendente.
Ele destaca que se o problema for em relação aos gases inalados, e começarem a fazer obstrução respiratória é necessário ir imediatamente a um atendimento de urgência, “porque precisam tomar medicamentos específicos para não terem internamento ou problemas a mais por conta dessa exposição”.
Expostas ao óleo combustível, essas pessoas ficam suscetíveis a diversos tipos de doenças, e para conhecer mais sobre as informações adequadas sobre os riscos tóxicos à saúde o farmacêutico chama a atenção para a importância dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Utilizar luvas de látex, máscaras de gás, botas, óculos de proteção e calça comprida durante o manuseio e a coleta das massas grudentas de óleo evita o contato direto. “É indispensável que os voluntários, por exemplo, utilizem os EPIs, porque as substâncias desse óleo pode impregnar na pele, sendo absorvido e conduzido para a circulação sanguínea, o que pode acarretar em problemas à saúde”, ressalta.
Cliomar Alves indica para retirar o material tóxico em contato direto com a pele a utilização de água e sabão, como também dois elementos extremamente ágeis, água gelada e óleo de cozinha. “A água gelada faz com que a substância empedre e facilita a saída com o contato da pele e o óleo auxilia para que a substância deslize mais”, informa.
Quando questionado acerca da preocupação sobre as regiões de pesca em Sergipe, o estado mais afetado pelo vazamento de mancha de óleo de petróleo cru, ele relatou a necessidade do poder público orientar laboratórios na realização de análises de animais da costa sergipana e depois tomar as devidas providências. “O consumo de um animal contaminado é fazer a pessoa consumir a substância tóxica, é preciso que o poder público oriente laboratórios como a Petrobras, ou até mesmo o Lacen, para que analise a situação dos animais, e a partir disso decida interromper ou não o consumo de carros-chefe da gastronomia regional”, argumenta.