ENTREVISTA FARMACÊUTICA – DIA INTERNACIONAL DA MULHER


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No dia 8 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data tem como objetivo reforçar a importância da mulher na sociedade e a sua luta por direitos. Para falar um pouco sobre a presença feminina na Farmácia e sobre os desafios enfrentados pelas farmacêuticas, o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) convidou Simony da Mota Soares, presidente da Comissão de Assistência à Mulher Farmacêutica do CRF/SE. Confira a entrevista a seguir:

1- Na sua opinião, quais desafios as mulheres ainda enfrentam no exercício da profissão farmacêutica? E quais avanços já foram realizados?
Numa dimensão social, podemos considerar que a profissional farmacêutica enfrenta os desafios gerais que recaem sobre a mulher no mercado de trabalho. A título de exemplo podemos citar os assédios em seus diversos contextos, do psicológico ao institucional; os preconceitos de cunho sexista, com uso de expressões que delimitam capacidades ou características, tais como “mulher não consegue executar tal tarefa” ou “não contrato porque pode engravidar”; jornadas de trabalho excessivas associadas a responsabilidades familiares e atividades domésticas exaustivas, por vezes atribuídas como “função social feminina”; limitação de rede estrutural de apoio à maternidade, entre outros.
Com relação aos avanços, historicamente os serviços de saúde são predominantemente executados pela força de trabalho feminina, a área de farmácia não foge a essa regra. Dados recentes sugerem que as mulheres representam cerca de 70% do mercado de trabalho farmacêutico no Brasil. Além disso, temos visto cada vez mais colegas ocupando importantes espaços de gestão, empreendedorismo, política e educação, o que nos orgulha e impulsiona a manter a luta pela equidade nos nossos espaços de direito.

2- Em Sergipe, boa parte dos profissionais farmacêuticos são mulheres. Como você se sente sabendo dessa informação?
Ao mesmo tempo que transmite uma sensação de conforto reconhecer a Farmácia em nosso estado como uma área de considerável empregabilidade para as trabalhadoras, essa constatação traz consigo a responsabilidade para a categoria de enfrentar os desafios e assumir papéis sociais importantes, a fim de eliminar as desigualdades que afetam a condição de gênero.

3- No que diz respeito à equiparação salarial, você acha que mulheres e homens recebem o mesmo valor para exercer a mesma função dentro da Farmácia, ou ainda há diferenças?
Considerando que se trata de uma profissão amplamente regulamentada, com fortes contribuições sindicais, pressuponho que esse seja um aspecto pouco vivenciado em nossa categoria no Brasil. Contudo, acredito que, proporcionalmente, as farmacêuticas deveriam estar assumindo mais espaços de poder, que incluem, muitas vezes, maiores remunerações.

4- A Farmácia é uma profissão que tem um histórico muito forte de contribuição feminina. Em Sergipe, podemos citar como exemplo a Dra. Cezartina Régis, fundadora do CRF/SE. Você tem alguma farmacêutica que te inspirou/inspira?
Posso destacar a própria Dra. Cezartina Régis, grande exemplo profissional de quem ouço falar desde a infância, pois cresci em uma avenida que a homenageia com seu nome. Preciso destacar ainda a farmacêutica cearense Dra. Maria da Penha Maia Fernandes, a qual sofreu uma trágica violência doméstica que a limitou fisicamente, mas a impulsionou a enfrentar grandes desafios no combate a violência doméstica e na luta pelos direitos das mulheres. A considero não só uma referência feminina da profissão, mas a responsável por estabelecer um grande marco de evolução da sociedade no Brasil. Desejo que muito em breve a Lei Federal 11.340/06, que a homenageia não seja mais necessária, mas enquanto é, que continue salvando vidas.

5- Como presidente da Comissão de Assistência à Mulher Farmacêutica, quais ações vocês pretendem implementar para 2019?
Como comissão pretendemos assessorar a diretoria na execução de ações que possibilitem auxiliar no enfrentamento aos desafios citados, como a organização de discussões com temas específicos à realidade feminina, a criação de um canal de comunicação qualificado para prestar assistência em situações de vulnerabilidade, bem como a promoção de atividades de qualificação profissional, a fim de estimular a apropriação de espaços sociais importantes pela mulher farmacêutica.

6- Você poderia enviar uma mensagem às mulheres farmacêuticas de Sergipe?
Primeiro gostaria de nos parabenizar por termos muitas farmacêuticas incríveis nos mais diversos campos de atuação e isso deve ser um grande motivo de orgulho e inspiração. Por fim, desejo que os desafios que ainda enfrentamos nos sirvam de degraus para conquistarmos nossos lugares de direito e que sigamos unidas na busca por empatia, respeito e reconhecimento. Juntas somos mais fortes!