Décadas de 80 e 90 são marcados pela vinda dos paraibanos


A falta de mercado de trabalho na Paraíba e a escassez de farmacêuticos em Sergipe culminaram na vinda de muitos profissionais para o estado de Sergipe. Na Paraíba, já existiam na década de 80 dois cursos de Farmácia, enquanto que em Sergipe muitos farmacêuticos tinham que sair do estado para conseguir uma formação acadêmica.

 

O ex-presidente do CRF/SE, Salviano Augusto de Almeida Mariz, foi um dos paraibanos que veio para Sergipe pelo mercado de trabalho favorável. Ele se formou em 1986 na Universidade Regional do Nordeste, em Campina Grande, e o interesse na área farmacêutica sempre foi nas Análises Cínicas. "Por uma oportunidade de trabalho em Itabaiana acabei me mudando para Sergipe, onde assumi uma vaga no Hospital e Maternidade São José", relembra Salviano.

 

Como presidente do CRF/SE, em 1997, Salviano conta que uma das dificuldades daquela época era o número reduzido de profissionais. "O Conselho era muito pequeno e funcionava no edifício Cidade de Aracaju. Tínhamos poucos farmacêuticos que na ativa não chegavam nem há 200 profissionais", explica. No edifício Cidade de Aracaju, o Conselho possuía três salas próprias, e na sua gestão foram alugadas mais duas que serviram de espaço para o funcionamento do Plenário do Conselho e a sala de fiscalização.

 

Um grande marco na história do CRF/SE foi à realização do primeiro concurso público para contratação de funcionários. "Foi um dos grandes feitos e deu uma melhora na qualidade do atendimento aos farmacêuticos. Além disso, conseguimos promover reuniões e alguns cursos, mas tudo muito incipiente, pois não tínhamos estrutura financeira", ressalta Salviano.

 

Cenário da Farmácia em Sergipe


Durante a década de 80 e 90, Sergipe enfrentava um período de escassez de farmacêuticos atrelado a um crescimento acelerado de farmácias. A Paraíba, no mesmo período, já possuía dois cursos de Farmácia com mais de 20 anos estabelecidas, localizadas em João Pessoa e Campina Grande.

 

O conselheiro Marcos Guilherme de Souza Gouveia lembra que na Paraíba o mercado já estava bastante inchado, e em Sergipe era a oportunidade de começar do zero. "Aqui ainda não existia o curso de Farmácia, por tanto tínhamos condições de ver brotar uma nova classe. Fiz parte dessa história", argumenta.

 

Além do crescimento do número de farmacêuticos, segundo Marcos Guilherme havia o problema da regularização dos profissionais. "Muitos sergipanos tinham que sair do Estado para buscar uma formação, mas sem dúvida os paraibanos colaboraram muito para o crescimento do CRF/SE, que por sua vez aumentou o número de farmacêuticos no Estado", destaca.

 

O conselheiro recorda como de grande importância a criação dos cursos de Farmácia no estado de Sergipe. Ele conta que começou as atividades farmacêuticas aos 17 anos sendo funcionário de um estabelecimento. "Achava que já sabia muito da profissão, mas com a graduação percebi que muitas das minhas atitudes foram nocivas a população. E então compreendi que o medicamento não é comércio, mas um posto de medicamento avançado", afirma Marcos.

 

Análises Clínicas
 


"Passei com 17 anos no curso de Farmácia já querendo ser farmacêutico por conta das Forças Armadas. Eu sabia que Medicina, Odontologia e Farmácia eram as três áreas da saúde que entravam na Marinha, Aeronáutica e Exército", assim começa a história de Lelson Neves com a Farmácia.

 

Presidente do CRF/SE, em 1989, Lelson vivenciou à vinda de muitos paraibanos para Sergipe durante sua gestão. Carioca, mas assim como muitos dos inscritos no Conselho Regional de Farmácia de Sergipe, se formou pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 1979. Ele fez Farmácia com especialização em Industrial e Análises Clínicas e relembra como veio para o Estado. "Terminei o curso e como aqui tinham mais oportunidades vim para Sergipe, onde passei a trabalhar em um laboratório no município de Propriá. Naquele período o curso de Farmácia era voltado para as Análises Clínicas, ao contrário de hoje que o foco é nos medicamentos", destaca.

 


De acordo com o farmacêutico, na década de 80 só existiam médicos e farmacêuticos que atuavam em laboratórios. "De 10 farmacêuticos que se formavam, nove iam para esta área. Ao contrário de hoje", informa Lelson.


Lelson ainda explica que a UFRN foi pioneira no projeto de Farmácia Clínica, momento em que o farmacêutico passou a se voltar para o estudo dos medicamentos. "Todas as universidades do Brasil passaram a priorizar não só as Análises Clínicas, mas a área dos estudos de medicamentos. Hoje o farmacêutico sai mais capacitado para atuar na área de Farmácia. A profissão mudou muito ao longo desses últimos 20 anos", avalia.