Em apoio à campanha do Novembro azul, que visa conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com a saúde do homem, comumente negligenciada, o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) convidou Ricardo Guimarães Amaral, farmacêutico doutorando em Ciências Fisiológicas, para discutir o tema e o papel do farmacêutico nesse processo. Pesquisador da área, Ricardo preparou um artigo informativo para ajudar a disseminar o entendimento sobre a relevância dos cuidados com a saúde masculina, ressaltando a prevenção contra o câncer de próstata. Confira:
“Novembro Azul”
É importante desmistificar a ideia disseminada por veículos de comunicação que enfatiza o novembro azul com eixo focal no Câncer de próstata. Embora seja uma patologia de importante impacto social e mereça um olhar cuidadoso por parte dos profissionais de saúde, o Novembro Azul tem um conceito mais abrangente.
A ideia do novembro azul é fundamentada em estudos como o realizado pelo Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo, que demonstra que 70% dos homens que procuram um estabelecimento de saúde tiveram influência da mulher ou dos filhos. Ou que mais da metade desse público já adiou a ida a um profissional de saúde ou quando buscaram ajuda chegaram com doenças em estágio avançado. Os dados refletem a vulnerabilidade em saúde dessa população. Além disso, aspectos ligados à masculinidade reforçam a resistência à busca por estabelecimentos de saúde quando necessário, já que entendem a doença como um sinal de fragilidade não inerente ao gênero masculino.
No Brasil e no mundo, novembro tornou-se simbolicamente um mês especial para o cuidado da saúde do homem. Desde sua origem, em 2003 na Austrália, diferentes estratégias de conscientização sobre a importância da prevenção primária e diagnóstico precoce de doenças que atingem homens (principalmente as mais prevalentes) são realizadas por diversas instituições.
Câncer de próstata
Embora reafirmo que o novembro azul não tenha como eixo central o câncer de próstata, não é possível ignorar a relevância da patologia para a saúde do homem.
Segundo a OMS, é inquestionável que o câncer é um problema de saúde pública, especialmente entre os países em desenvolvimento. Sendo o câncer de próstata, considerado o segundo mais comum na população masculina em todo o mundo e ocupando a 15ª posição em mortes por câncer, em homens, representando cerca de 6% do total de mortes por câncer no mundo. A estimativa para o Brasil, biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer, sendo o câncer de próstata o tipo mais frequente em homens (28,6%).
O Ministério da Saúde do Brasil, assim como ocorre em outros países (Austrália, Canadá e Reino Unido), não recomenda a organização de programas de rastreamento universal com teste de PSA ou toque retal. Tal prática não está indicada, pois ainda existe considerável incerteza sobre a existência de benefícios associados. Portanto, ações de controle da doença devem focar em outras estratégias, como a prevenção primária e o diagnóstico precoce.
Os maiores fatores de risco identificados para o câncer de próstata são: idade, história familiar de câncer e etnia/cor da pele. Entretanto, a idade é o único fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento do câncer de próstata. A maioria dos cânceres de próstata é diagnosticada em homens acima dos 65 anos, sendo que somente menos de 1% é diagnosticado em homens abaixo dos 50 anos.
Dieta e nutrição também são fatores importantes na etiologia do câncer de próstata. O excesso de peso corporal, assim como uma dieta com carne vermelha em demasia, apresenta aumento no risco de desenvolver esse tipo de câncer.
Farmacêutico e o Novembro Azul
O Estado reconheceu que a forma de socialização da população masculina compromete significativamente seu estado de saúde, e que a condição de saúde dos homens no Brasil corresponde a um problema de saúde pública. O Ministério da Saúde declara que “os homens têm dificuldade em reconhecer suas necessidades, cultivando o pensamento mágico que rejeita a possibilidade de adoecer”.
Diante desse cenário a farmácia, como um local voltado a saúde e bem-estar, e o farmacêutico tem primordial importância, podendo contribuir com o Novembro Azul através de cartazes, folders, sinalização e orientação farmacêutica direcionada, chamando a atenção para o tema e estimulando hábitos de vida que impactam diretamente na saúde como:
Ø Prática de atividade física regular;
Ø Alimentação balanceada;
Ø Manutenção de massa corporal adequada;
Ø Não utilizar medicamentos sem prescrição;
Ø Beber ao menos 2 litros de água ao longo do dia;
Ø Reservar tempo para o lazer e relaxamento;
Ø Evitar exposição ao sol entre 10h e 16h;
Ø Usar protetor solar e não consumir bebidas alcoólicas, cigarro e drogas.
Mais detalhes sobre o tema podem ser encontrados na “Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem e em nota técnica conjunta N° 001/2015 emitida por Instituto Nacional de Câncer.