"Vocês estão satisfeitos com as Diretrizes Curriculares de 2002?". Foi assim que o Presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter Jorge João, iniciou o discurso que proferiu na solenidade de abertura do "VIII Encontro Nacional de Coordenadores de Cursos de Farmácia" no Auditório do Hotel Nacional, em Brasília. O evento, realizado pelo CFF, reúne coordenadores de cursos de todo o País, representantes do Ministério da Educação e da Saúde e especialistas em educação farmacêutica.
Para Walter Jorge, teria sido importante que, na elaboração das Diretrizes, fossem levados em conta os pontos levantados pelo setor, em 1997, em torno da formação farmacêutica por carreira, focando na instrução profissional para áreas de fármacos e medicamentos, análises clínicas, toxicológicas e alimentos. "Aquela discussão que se deu, a nível nacional, encaminhada ao Ministério da Educação, foi esquecida. Lembro que, àquela época, o Brasil contava com apenas 59 cursos de Farmácia", acrescentou.
Hoje, o Brasil tem 416 cursos de Farmácia. O Presidente do CFF questionou a necessidade de um número tão elevado, já que, em todo o mundo, existe cerca de 2 mil cursos. "Nós precisamos de tudo isso? Eu diria que nem mesmo toda a Europa conta com tantos cursos como o nosso País. Eles têm a qualidade que todos nós esperávamos?", questionou Dr. Walter Jorge.
O Conselho Federal de Farmácia firmou convênio com o Ministério da Educação, em 2009 - e o renovou, em 2011- pelo qual o CFF fica encarregado de avaliar a qualidade dos cursos. "Eu pergunto, também, a vocês: nós alcançamos os objetivos almejados? Há problemas com as Diretrizes Curriculares Nacionais?", questionou.
O dirigente, também, demonstrou preocupação com a atitude de algumas instituições de ensino que obrigam os alunos a concluir dupla formação, por falta de turmas completas para o estudo da grade curricular de Farmácia. Referindo-se a esse novo "modismo", Dr. Walter Jorge lembrou que existem universidade que oferecem vagas para Farmácia e, se não consegue um número de candidatos suficiente, os poucos alunos precisam estudar Biomedicina, durante três anos, e depois, com apenas mais um ano, formam-se farmacêuticos.
Ele levantou, ainda, questionamentos sobre o ensino noturno oferecido por cursos de Farmácia. "Será que eles conseguem integralizar toda a grade curricular para a formação farmacêutica? Onde acontecem as práticas nesses cursos? Sabemos que, principalmente o Sistema Único de Saúde, dificilmente, tem postos e centros de saúde que funcionam, no período noturno, de forma a aceitar acadêmicos de Farmácia como estagiários", alertou.
No final do discurso, Walter Jorge conclamou os líderes do Encontro a assumirem uma "missão": a de, nos três dias de discussão das Diretrizes Curriculares, apontarem um norte e dizerem qual o caminho a seguir. "Existe uma forte inquietação por parte dos estudantes e dos egressos dos cursos de Farmácia. Eles esperam que vocês apontem o rumo e digam que atitudes tomar junto ao Ministério da Educação".
Fonte: CFF