Uma revolução silenciosa está lançando novas luzes no contexto da saúde e transformando o trágico cenário do setor no Brasil. O modelo de farmácia clínica avança, recebendo a aprovação da população à medida que promove a saúde e ajuda a diminuir os prejuízos nos sistemas público e privado, entre outros benefícios.
O Brasil é um país com a saúde pública marcada por dificuldades de gestão, falta de recursos, atraso tecnológico, uma corrosiva burocracia, carência de profissionais especializados, longas filas para o atendimento. Por outro lado, verifica, também na saúde, a existência de ilhas de prosperidade.
Neste contexto, é importante ressaltar o poder que as práticas de farmácia clínica têm de melhorar a saúde dos cidadãos. Essa área profissional apresenta um grande alcance sanitário, com profunda repercussão social. Por isso, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) vem adotando políticas com vistas a fortalecê-la.
Antes de alinhavar as nossas políticas, nós as levamos ao debate, preparando os farmacêuticos para duas resoluções definitivas na história da farmácia: a de nº 585, que regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico, e a de nº 586, que autoriza o profissional a prescrever medicamentos. Ambas as normas são de 2013. Paralelamente, o conselho trabalhou pela aprovação da Lei 13.021/14.
Além de viabilizar o respaldo normativo e legal para as mudanças, o CFF têm buscado proporcionar oportunidades de capacitação dos farmacêuticos clínicos por meio de cursos, congressos e do ProFar (Programa de Suporte ao Cuidado Farmacêutico na Atenção à Saúde).
Nas farmácias, os farmacêuticos estão autorizados a orientar sobre o uso correto e revisar a utilização de cada um dos medicamentos e a forma de organizar o tratamento; fazer o acompanhamento farmacoterapêutico, para garantir que os medicamentos alcancem os resultados esperados e não produzam efeitos colaterais, interações indesejáveis.
Mais: eles podem prescrever medicamentos – que não exigem receita médica – para o tratamento dos sintomas e de mal-estares de baixa gravidade (problemas de saúde autolimitados); e fazer exames preventivos para algumas doenças. Educadores em saúde por excelência, os farmacêuticos também podem atuar nos programas de tratamento e acompanhamento para emagrecimento e gerenciamento do peso e no abandono do tabagismo.
Com o envelhecimento populacional, o Brasil vem apresentando novas necessidades em saúde. Temos mais idosos e cerca de 80% deles têm pelo menos uma doença crônica, o que implica em maior necessidade do uso de medicamentos. Por outro lado, o uso simultâneo de vários fármacos predispõe à ocorrência de interações medicamentosas indesejáveis. Aproximadamente 19% das admissões hospitalares entre pacientes idosos têm origem nas reações adversas a medicamentos.
Estão nas mãos dos farmacêuticos clínicos a responsabilidade e o desafio gigantesco de solucionar o problema. E os seus cuidados são gratuitos, não exigem agendamento e estão imunes às filas quilométricas. Mas essa revolução silenciosa só daria mesmo resultados práticos com o envolvimento dos empregadores. E com satisfação, temos já mais de 1,5 mil consultórios farmacêuticos em funcionamento nas farmácias de todo o país, especialmente nas grandes redes. É a virada na saúde!
Fonte: Comunicação do CFF