CRF/SE alerta para o uso racional de medicamentos

Dia Nacional pelo Uso Racional de Medicamentos acontece no próximo dia 05 de maio


Nesta semana, mais precisamente no dia 05 de maio, é comemorado o “Dia Nacional pelo Uso Racional de Medicamentos”. A farmacêutica Eulália Lins Victor, assessora técnica da coordenação das Farmácias Populares do Brasil FUNESA/SES, contou em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação do CRF/SE detalhes sobre o assunto. Confira abaixo.

 

Ascom CRF/SE - Qual é o conceito de uso racional de medicamentos?

 

Eulália - O URM significa que os pacientes recebem a medicação adequada às suas necessidades clínicas, nas doses correspondentes com base em seus requisitos individuais, durante um período de tempo adequado e ao menor custo possível para eles e a comunidade OMS.

O URM é uma prática que consiste em maximizar os benefícios obtidos pelo uso dos fármacos, em minimizar os riscos (acontecimentos não desejados) decorrentes de sua utilização e reduzir os custos totais da terapia para o indivíduo e a sociedade. Rubio-Cebrian

 

A – Qual o papel do farmacêutico na consolidação dessa prática?

 

E -É, informando aos pacientes, na hora da dispensação dos medicamentos, sobre os benefícios do  uso correto dos mesmos.

 

A – Quais são as estratégias aplicadas para melhorar o uso racional de medicamentos?

 

E - Desenvolver cartilha, baner, folder,contendo informações necessárias para a dispensação de medicametos   expostos alguns cuidados a serem observados na hora da administração dos medicamentos; dicas educativas sobre o armazenamento de medicamentos.

 

A – Há tratamentos que requerem maior atenção por parte dos envolvidos (farmacêutico, médico e paciente)? Se sim, quais? Se não, por que razão?

 

E - Estudos mostram que, mesmo para doenças que envolvem potenciais riscos de vida, a adesão ao tratamento não é a esperada. Castilho et al (2006) encontraram relatos de que pelo menos 40 a 50% dos pacientes não aderem aos tratamentos de asma, diabetes, hipertensão arterial ou câncer.

Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (HIV/AIDS), tratamento anti- retroviral(ARV).

Podemos, com isto, resumir os vários fatores que dificultam a terapia medicamentosa inicialmente proposta pelo prescritor:

• O prolongamento do tempo de duração do tratamento;

• A grande quantidade de medicamentos prescritos;

• Doses diárias variadas e em diferentes horários no esquema terapêutico;

• A interferência do regime proposto nas atividades, no estilo de vida e nos hábitos alimentares do paciente;

• Os efeitos colaterais inerentes ao esquema terapêutico;

• Uma atitude pessimista dos pacientes em relação à sua doença e o comportamento depressivo;

• Pouca comunicação e interação entre o paciente e o profissional de saúde (VITÓRIA,2001);

• Falta de acesso ao medicamento (LEITE & VASCONCELOS,2003);

• A presença de comorbidades ou infecções oportunistas (CASTILHO,et al, 2006).

De acordo com o Ministério da Saúde, o sucesso da terapia medicamentosa está também relacionado ao comportamento do paciente. A adesão ao tratamento é crucial para o sucesso, o qual pode ser medido pela redução da mortalidade e do número de internações decorrentes da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE,1999).

 

A – No ponto de vista ambiental, por que o uso racional de medicamentos é importante?

 

E - O profissional farmacêutico tem papel fundamental promovendo a racionalização do uso de medicamentos, a minimização destes resíduos e a orientação sobre o destino final por parte da população a contaminação do meio ambiente por medicamentos. No mundo todo tem sido identificada a presença de fármacos, tanto nas águas , como no solo e ar . Essa contaminação resulta do descarte indevido, do uso veterinário, e da excreção de metabólitos  que não são eliminados no processo de tratamento de esgotos . Alguns fármacos permanecem na água potável mesmo após tratamento e purificação.

 

A – Que mensagem a senhora deixa para os farmacêuticos que lidam com esse tema no cotidiano?

 

E - Um dos desafios da categoria farmacêutica é modificar as condutas, incorporando na prática profissional um modelo que propicie ao farmacêutico assumir a responsabilidade com a farmacoterapia e atuar como promotor do uso racional de medicamentos.

O envolvimento do farmacêutico no processo de atenção à saúde é fundamental para a prevenção dos danos causados pelo uso irracional de medicamentos (BATES,1995)

As ações do farmacêutico , no modelo de atenção farmacêutica, na maioria das vezes, são atos clínicos individuais. Mas as sistematizações das intervenções farmacêuticas e a troca de informações dentro de um sistema de informação composto por outros profissionais de saúde pode contribuir para um impacto no nível coletivo e na promoção do uso seguro e racional de medicamentos. (OPAS 2002c).

 

A - Para o uso racional de medicamentos, qual a importância de se aceitar apenas medicamentos prescristos?

 

E - Com a receita do profissional habilitado, o atende a uma demanda de saúde daquele paciente em particular e para a enfermidade que ele está acometido no momento. Muitas doenças crônicas necessitam rever os tratamentos indicados periodicamente, ou porque regridem ou porque evoluem, e os ajustes de doses e de medicamentos prescritos visam promover um melhor resultado para a condição de saúde do paciente, por isso, a necessidade de consultas periódicas e a solicitação de receitas mais atualizadas a cada nova consulta.

Essa medida é uma forma de combater a automedicação e promover uma educação em saúde.

 

A - Que mensagem a senhora deixa aos usuários que se auto-medicam?

 

E - O hábito de automedicar-se pode provocar danos à saúde ou mesmo mascarar sintomas de doenças mais graves. O farmacêutico é o profissional que conhece os aspectos do medicamento e, portanto, ele pode dar uma informação privilegiada às pessoas que o procuram, na farmácia.

 

*Considerações finais

O farmacêutico atuará sempre com o maior respeito à vida humana, ao meio ambiente e à liberdade de consciência nas situações de conflito entre a ciência e os direitos fundamentais do homem; A dimensão ética da profissão farmacêutica é determinada, em todos os seus atos, pelo benefício ao ser humano, à coletividade e ao meio ambiente, sem qualquer discriminação. (Código de Ética Farmacêutico, Resolução 417/04, Artigos 2º e 3º)