A vitamina D é fundamental para a calcificação dos ossos. Sua deficiência em crianças torna os ossos mais moles e deformados e provoca o raquitismo; nos adultos, a falta de vitamina D deixa os ossos mais porosos e frágeis. Pesquisas recentes mostram que a vitamina D não é só importante para os ossos, ela também está envolvida na memória, na imunidade e no metabolismo.
A esclerose múltipla é uma doença do sistema nervoso que atinge o cérebro e a medula, em que as células de defesa do próprio indivíduo, os leucócitos, atacam uma proteína que cobre os filamentos dos neurônios, a mielina, formando áreas de inflamação que, ao término, deixa uma cicatriz endurecida, daí o termo esclerose e é múltipla, pois pode atingir qualquer parte do cérebro ou da medula.
Muito frequentemente ela provoca fraqueza ou alteração da sensibilidade em uma perna, braço ou metade do corpo ou perda da visão de um olho ou incoordenação, ou outras disfunções focais do sistema nervoso. Ela surge em surtos e depois regride, isto é, numa crise perde-se a sensibilidade das pernas que em semanas se recupera, para então após meses ou anos em um novo surto perder-se parte da visão, e se não for tratada adequadamente pode deixar sequelas. Apesar de poder ocorrer em qualquer idade, adultos jovens, principalmente mulheres, são os mais visados.
A medicina conta hoje com um poderoso arsenal contra a doença, mudando completamente a sua história natural, podendo manter os pacientes bem e sem sequelas por muitas décadas, e impedindo que a doença prejudique sua capacidade de trabalhar e de viver de forma independente, mas, para isso, é preciso fazer o diagnóstico e introduzir o tratamento precocemente, o que, às vezes, é difícil, pois a multiplicidade de sintomas e sua remissão pode simular outras doenças neurológicas confundindo o médico que assiste o paciente.
São 2,5 milhões de pessoas no mundo e mais de 50 mil no Brasil que são afetadas por essa doença, cuja causa ainda não foi encontrada. Mas já se sabe que fatores ambientais, por exemplo, o tabagismo, podem aumentar os surtos, enquanto a gravidez e a amamentação os reduzem. Os surtos são mais frequentes no frio e a doença ocorre mais em países de clima temperado e com pouca exposição ao sol. Estudos anteriores já sugeriram que a deficiência de vitamina D pode piorar a esclerose múltipla, mas o porque disso ainda precisa ser entendido.
Agora, um estudo da Universidade Harvard comprova que a vitamina D é importante auxiliar na modulação da imunidade em pacientes com esclerose múltipla. Conseguem atrasar a evolução da doença e reduzir o número de crises. O estudo publicado no JAMA Neurology de 20 de janeiro analisou dados de 465 pacientes de 18 países. Acompanhou seus níveis de vitamina D por dois anos e a evolução da sua doença por cinco anos, enquanto tomavam interferon, um modulador da imunidade utilizado para tratar EM. O estudo mostrou que pessoas com EM recém-diagnosticada que têm níveis adequados de vitamina D tinham 57% menos lesões novas no decorrer do estudo e um risco 57% menor de desenvolver novos surtos. A Atrofia cerebral é mais leve em pacientes com níveis adequados da vitamina. Fica claro que a vitamina D é apenas um adjuvante e não deve ser entendida como um tratamento único e isolado.
A reposição da vitamina D pode ser feita por via oral e é segura em doses adequadas, mas não existe comprovação científica de que altas doses dessa vitamina, além dos níveis normais, podem ser úteis para tratar a EM ou outros defeitos da imunidade.
Fonte: Carta Capital