Ministério da Saúde incorpora medicamento inovador para malária ao SUS

O tratamento aumenta a adesão dos pacientes e é o novo aliado do Brasil na busca pela eliminação da malária


O Ministério da Saúde publicou uma portaria que incorpora o medicamento tafenoquina ao Sistema Único de Saúde (SUS). Em dose única, o tratamento aumenta a adesão dos pacientes e é o novo aliado do Brasil na busca pela eliminação da malária. O texto trata, ainda, do teste quantitativo da atividade da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) como tecnologia auxiliar para confirmação diagnóstica da doença.

A grande vantagem é que a tafenoquina deve ser tomada uma única vez, aumentando a adesão e “contribuindo para a diminuição das chances de recaída”, diz o parecer da comissão. O teste G6PD foi incorporado em conjunto, como tecnologia auxiliar, porque dele depende uma parte fundamental do tratamento. É que só podem usar esse medicamento os pacientes maiores de 16 anos de idade e com mais de 70% de atividade da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase.

A tafenoquina será usada nos casos de infecção por Plasmodium vivax, tipo mais comum de malária no Brasil. Segundo dados preliminares de 2022, o país registrou 129,1 mil casos da doença. Cerca de 80% deste total foram infecções por P. vivax. Segundo análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), a tafenoquina tem resultados similares aos da primaquina, já utilizada no SUS.

Sobre o medicamento inovador, o farmacêutico, professor e pesquisador da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e membro do GT de Doenças Negligenciadas do CFF, Luann Wendel Pereira de Sena ressalta que "a malária faz parte de uma lista de afecções chamadas ‘doenças de determinação social'. São males que afetam principalmente pessoas em situação de vulnerabilidade social. Novos medicamentos, que facilitem o combate dessas doenças e coloque o país em um novo patamar de erradicação, são benéficos. O farmacêutico pode contribuir não somente nas pesquisas mas, sobretudo, no auxílio ao tratamento."

GT DE DOENÇAS NEGLIGENCIADAS

Em 2021, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) criou um Grupo de Trabalho para se debruçar sobre o tema. O coordenador do GT, farmacêutico e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), José Luiz Fernandes Vieira, reforça a importância da atuação do farmacêutico no tratamento e acompanhamento dessas doenças e da nova resolução que insere estes profissionais como um dos elos indispensáveis no cuidado aos pacientes com Doenças Tropicais e Negligenciadas. 

A resolução enfatiza as competências, habilidades e responsabilidades clínicas e administrativas do farmacêutico nessa área. De acordo com o GT, também estão sendo preparados materiais informativos para serem compartilhados com os profissionais.

Fazem parte do GT: Érika Rodrigues Guimarães Costa (UNIFAP), Giselle Maria Rachid Viana (IEC), Gisely Cardoso de Melo (FMT-HVD), Lídio Gonçalves Lima Neto (Lacen-MA) e Luann Wendel Pereira de Sena (UNIFESSPA).