Farmacêuticos garantem segurança e facilitam o uso dos medicamentos para as crianças


whatsapp-image-2021-10-11-at-16-20-35_47971d7f47181f6739d9d664944.jpeg                                                            A farmacêutica Naara Pereira e seu paciente Anthonny Levy

No Dia das Crianças, o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) entrevista a farmacêutica clínica hospitalar com foco em pediatria, Naara Pereira. Nesta entrevista, a farmacêutica conta sua experiência na área e fala da importância deste profissional no acompanhamento das crianças. Naara fala dos cuidados e desafios da área, mas também orienta os pais em casos como intoxicação medicamentosa e Covid-19. Confira a matéria na íntegra:


CRF/SE-Qual o papel do farmacêutico na área da Pediatria?
Naara Pereira - O farmacêutico é o profissional que vai garantir a segurança no uso dos medicamentos para as crianças de acordo com sua idade, peso, condição clínica, nutricional, emocional, social, entre outros. Ele garante uma prescrição médica segura através da avaliação farmacoterapêutica da prescrição.

CRF/SE- Quais são as dificuldades da Atenção Farmacêutica em Pediatria?
Naara Pereira - A maior dificuldade é que a indústria farmacêutica não tem muitos medicamentos disponíveis para a população infantil, portanto, há poucas informações a respeito do uso dos medicamentos em crianças disponibilizadas pelos laboratórios. Desta forma, o uso de medicamentos off label (uso de medicamentos em condições diversas daquelas que constam na bula do produto) é o carro chefe na pediatria e o farmacêutico precisa estar antenado quanto aos dados disponíveis na literatura e a monitorização do uso desses medicamentos que são administrados fora da recomendação da bula.

CRF/SE- Além de hospitais, onde os farmacêuticos da área Pediátrica atuam?
Naara Pereira- Em Hospitais, o farmacêutico atua juntamente com a equipe multidisciplinar, como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, priorizando sempre o paciente, não apenas o medicamento.  E o farmacêutico também pode realizar atendimento ambulatorial. As resoluções 585 e 586 de 2013, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), e da Lei nº 13.021/14, permitem a prestação de serviços clínicos farmacêuticos à população, entre eles a população infantil.

CRF/SE - Quais as orientações que o farmacêutico deve fazer aos pais a respeito da administração dos medicamentos em suas crianças?
Naara Pereira- O farmacêutico deve sempre garantir que o paciente esteja usando o medicamento certo, na hora, na posologia, e de forma correta. Portanto, mostramos aos pais quais medicamentos o seu filho vai usar em casa: para que servem, possíveis reações adversas e o melhor horário de administrá-los de acordo com a rotina da criança. Sempre respeitando o intervalo posológico de acordo com a prescrição médica e a forma correta de administrá-los, como no caso dos medicamentos inalatórios, por exemplo.

CRF/SE- Quais os desafios enfrentados nesta área?
Naara Pereira-  Acredito que o maior desafio seja garantir a segurança dos medicamentos que estão sendo administrados, levando em consideração a individualidade de cada criança. No ambiente hospitalar, avaliamos a prescrição médica revisando parâmetros como: indicação dos medicamentos prescritos, dose dos medicamentos calculados para o peso da criança, via de administração, posologia avaliando a dose diária, diluição, preparo, interações medicamentosas, entre outros.

CRF/SE- Os farmacêuticos também se preocupam com o uso racional do medicamento na população infantil? Como fazer os pais entenderem o que é melhor para o filho?
Naara Pereira-  O farmacêutico deve se preocupar com uso racional dos medicamentos em todas as populações, principalmente a infantil, já que sabemos que o modo como o medicamento se comporta no organismo de uma criança não é igual ao do adulto. Portanto, doses mínimas usadas pelo adulto podem promover intoxicações medicamentosas se administradas nas crianças. Devemos reforçar essa orientação aos pais.

CRF/SE - Quais as orientações que o farmacêutico pode dar aos pais e familiares para evitar intoxicação por medicamentos nas crianças?
Naara Pereira-  Antes de tudo, os pais devem sempre estar atentos a nunca administrar medicamentos em suas crianças sem orientação médica e farmacêutica ou sem confirmar se está dando o medicamento certo, na hora certa e na dose certa, conforme a orientação descrita em bula para idade/peso da criança.  Devem guardar os medicamentos em locais seguros, fora do alcance das crianças, dentro de suas embalagens originais e respeitando o prazo de validade. É importante que a criança aprenda que remédio não é bala, doce ou refresco; quando sozinha, ela poderá ingerir o medicamento, correndo risco de intoxicação medicamentosa.  De acordo com o Ministério da Saúde, crianças menores de cinco anos representam, aproximadamente, 35% dos casos de intoxicação por medicamentos, no Brasil. Presenciamos tal fato com frequência em nosso serviço.

CRF/SE- E em relação ao Covid-19, há alguma orientação especial para crianças?
Naara Pereira-  Os mesmos cuidados durante o início da pandemia se mantém nos dias atuais, tanto para os adultos, quanto para as crianças. A pandemia não acabou. Alguns estudos têm mostrado a maior incidência da nova variante em crianças, portanto, faz-se necessário dobrar os cuidados com os pequenos: manter o uso da máscara, higienização das mãos, evitar aglomerações, limpeza de objetos pessoais, higienização correta da casa e manter uma boa rotina de sono e de alimentação para fortalecer cada vez mais o sistema imunológico. Lembrando sempre de nunca administrar medicamentos com intuito de prevenir a Covid-19.