ANGELO ANTONIOLLI: UM FARMACÊUTICO QUE MUDOU A HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CRF/SE presta homenagem ao reitor que deixa legado a toda comunidade, sobretudo aos futuros farmacêuticos


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A Universidade Federal de Sergipe (UFS) está entre as oito melhores instituições brasileiras e encontra-se como a primeira do Nordeste, de acordo com o World University Rankings 2021, promovido pela Times Higher Education (THE). Essa conquista é resultado de árduos trabalhos que visam à melhoria da educação no ensino superior. A partir desse contexto, o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) presta homenagem ao reitor Angelo Roberto Antoniolli, peça chave dessa realidade, que se despede de suas atividades nesta quarta-feira, 18 de novembro, após oito anos na gerência da UFS.


“Em nome de toda a diretoria do Conselho Regional de Farmácia de Sergipe, seu plenário e todos os farmacêuticos, parabenizo e agradeço ao farmacêutico Angelo Antoniolli pela dedicação durante sua gestão na reitoria da conceituada Universidade Federal de nosso estado. Pelos inúmeros projetos e conquistas na educação do ensino superior, em um trabalho que reflete em toda a sociedade sergipana, além de todas as realizações pelo curso de Farmácia”, celebra o presidente do CRF/SE, Marcos Rios.


Trajetória em gestão


Embora a administração esteja entre as especializações da área farmacêutica, Angelo foi guiado para além do seu campo de conhecimento. Ao tempo que ganhava destaque pela discussão política, com ênfase no papel da educação no ensino superior e de docente, compreendeu também que a gestão da Universidade Pública Brasileira se dava pela atuação dos professores e técnicos envolvidos.


O reitor conta que passou a defender tanto as instituições, como os princípios da melhoria da qualidade do ensino, pesquisa e extensão. “Desde quando me tornei chefe do Departamento de Fisiologia em 1994/1995 fui me envolvendo com as atividades de gestão, gostando de fazer acontecer a Universidade. Depois de dois anos, fui convidado a pleitear o cargo de Vice-Diretor do CCBS, onde fiquei por quatro anos, implementando novas ações”, diz. 


Segundo Angelo, nesse momento de efervescência de realizações surgiu a possibilidade da criação do curso de Farmácia, onde não hesitou em contribuir. “Em 2001, passei a Direção de Centro, onde inseri o curso de Farmácia no Departamento de Fisiologia, para que pudéssemos cuidar mais de perto das demandas. Ao assumir como Vice-Reitor em 2004, atuando ao lado do prof. Josué Modesto, ocorreu à construção do prédio da Farmácia, fazendo com que a Universidade ganhasse outro corpo”, afirma o reitor. 


A trajetória de Antoniolli já conta com quase três décadas, mas se intensificou nos últimos 16 anos, com o cargo vice-reitor em 2004. Desde então a Universidade avançou em diversos setores de atuação e adentrou em um processo de expansão e interiorização. O que o possibilitou aceitar o desafio de consolidar os feitos sem renunciar à qualidade dos serviços, do rigor acadêmico dos professores, do trabalho sério de seus técnicos e das demandas da sociedade.


A gestão do reitor é marcada pelo comprometimento com a qualidade do que é produzido na Universidade que, segundo ele, só foi possível com o engajamento de todos os  pró-reitores, professores, técnicos, terceirizados e alunos. “Sou muito grato aos que fazem a nossa gestão, a todos os colegas que trilharam conosco esse caminho árduo, mas muito recompensador. De forma que estes últimos oito anos, que se afiguravam difíceis, findaram sendo muito realizadores e nos possibilitando grandes alegrias”, revela. 


Sobre a UFS, o reitor afirma que mesmo com o quadro de restrição orçamentária a instituição continua a ampliar suas fronteiras, diminuir muros e incluir, a exemplo da implantação do Campus do Sertão. Além da possibilidade da ampliação em termos de obras e equipamentos para os seis campi existentes e os hospitais universitários. 


A UFS caminha em passos firmes


Em 2020, a UFS já conta com seis campi universitários entre as cidades de São Cristóvão; Aracaju; Itabaiana; Laranjeiras; Lagarto; e Nossa Senhora da Glória. Segundo Angelo, entre os anos de 2013 e 2020, foram investidos mais de R$ 270 milhões em obras de construção, reforma e ampliação dos campi universitários. 


“Para se ter uma ideia da grandiosidade do que foi realizado, o Campus de São Cristóvão, onde concentra a sede da universidade, praticamente dobrou de tamanho em área construída, e os investimentos superam os R$ 131 milhões. Destaco obras fundamentais, tanto em termos de espaços destinados à atividade fim da Universidade, como outras obras de infraestrutura, a exemplo da nova e moderna estação de tratamento de esgotos”, completa o reitor, que cita ainda a construção da subestação de eletricidade, que garante um aporte maior de energia elétrica com menor custo financeiro mensal, e a implementação de fontes de energia limpa, que transformou a Universidade Federal de Sergipe na maior unidade geradora de energia fotovoltaica do Estado.


Em relação ao Campus de Lagarto foram construídos laboratórios, biblioteca, prédio departamental, centro de vivência, além da infraestrutura. Com o Hospital Universitário inteiramente reformado e ampliado, hoje se caracteriza como centro de referência importante para a região e o Estado na área da saúde. “Com a criação do Campus Lagarto, pude contribuir também com a criação de sete cursos da Saúde, entre eles, Farmácia, com uma metodologia diferenciada, a ativa”, relembra Antoniolli com orgulho.


Já o Hospital Universitário, integrante do Campus da Saúde em Aracaju, as obras que estavam paradas há muitos anos foram finalmente concluídas, como a Unidade Materno-Infantil. Com capacidade para realizar 300 partos mensais, a unidade abrigará residências médicas e reforçará o ensino e pesquisa em ginecologia, obstetrícia, saúde da mulher e pediatria. O reitor afirma que é outro momento vivido pelo Hospital destinado ao ensino e à prestação de serviços às camadas mais pobres da população da capital e da região.


O papel da universidade pública durante a pandemia


2020 tem sido um ano difícil para a humanidade, o surgimento da pandemia da Covid-19 modificou hábitos, provocou prejuízo financeiro imensurável e continua a ceifar milhares de vidas. O Brasil é um dos países mais afetados e as universidades federais também sofrem com essa realidade. “A parte que mais nos afeta é certamente a redução orçamentária decorrente dessa realidade surpreendente e implacável. Mas não arredamos pé desse enfrentamento e, tenho certeza, pela sua importância fundamental demonstrada nesse momento, que as universidades federais sairão maiores dessa crise”, diz o reitor. A UFS, por exemplo, antecipou-se ao criar o Comitê de Prevenção e Redução de Riscos frente à Covid-19, e imediatamente suspendeu as atividades presenciais, à exceção das atividades consideradas essenciais.

 

Como atuantes fundamentais nessa luta, os dois Hospitais Universitários da UFS, de Aracaju e Lagarto, chegaram a contar com 96 leitos exclusivos para pacientes da Covid-19. O HUL adequou sua estrutura assistencial, administrativa e de ensino para atender à situação emergencial da pandemia. Criou uma unidade exclusiva para síndromes respiratórias agudas, a Unidade de Doenças Respiratórias, e montou um hospital de campanha com mais 20 leitos de média complexidade. O HU do Campus da Saúde, em Aracaju, classificado como um hospital de retaguarda disponibilizou 30 leitos e abriu um ambulatório exclusivo para tratar complicações pulmonares por Covid-19. 

 

Fora dos hospitais, os projetos de testagem realizados em vários municípios e diversas categorias profissionais produziram 28.000 diagnósticos e contribuíram com a construção do mapa epidemiológico do coronavírus em Sergipe. A UFS firmou uma parceria com o Governo do Estado para o desenvolvimento do EpiSergipe, um projeto que já aplicou mais de 20.000 testes e visa acompanhar o grau de contaminação e os impactos do novo coronavírus em 15 municípios. E através dos laboratórios de quatro dos seus seis campi, a UFS já produziu mais de 25.000 litros de álcool gel, álcool 70% e álcool glicerinado. Também produziu equipamentos, materiais descartáveis e produtos sanitizantes, como caixas de desinfecção, máscaras, sabonetes líquidos e água sanitária, que atendem aos hospitais universitários, aos hospitais regionais e são distribuídos comunitariamente.


Oportunidade, desenvolvimento e transformação


Sobre as possibilidades de graduação e trajetória acadêmica na UFS, hoje a instituição oferece 113 opções de cursos de graduação, 46 mestrados acadêmicos, 10 mestrados profissionais e 20 doutorados acadêmicos. Acolhe 27.000 alunos na graduação, sendo mais de 25 mil na modalidade presencial e quase 2.000 na modalidade Educação a Distância, e abarca 2.601 alunos em cursos de pós-graduação.


Para Antoniolli, o avanço na qualificação docente resultou na crescente participação da UFS no cenário científico nacional. Como, por exemplo, a classificação da universidade no World University Rankings 2021. Onde pela primeira vez uma instituição de Sergipe aparece no ranking de uma avaliação independente, que considera parâmetros e critérios de qualidade internacionais, e classifica as melhores instituições de ensino superior e pesquisa no mundo.


“Com 52 anos de existência desde que foi instituída como Fundação Universidade Federal de Sergipe, não é possível conceber o desenvolvimento do Estado, desde o fim da década de 1960, sem a presença e a força da UFS”, afirma Angelo Antoniolli. Ao falar sobre a instituição de ensino superior, reforça que a única Universidade pública sergipana tem sido importante e decisiva para o progresso local, contribuindo com a mão de obra intelectualmente mais qualificada, com as pesquisas e a presença como fonte irradiadora de desenvolvimento social e transformação da sociedade.

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Perspectivas 


Ao fim do seu processo de gestão, Angelo conta que olha para trás e tem a sensação de dever cumprido. “Posso voltar à sala de aula, para a pesquisa, onde sempre gostei, pensando numa gestão de pesquisa da planta ao medicamento, pois, precisamos pensar nas plantas medicinais, como nosso acervo, para que tenhamos estratégia para melhorar aproveitar nossos recursos naturais além de contribuir para uma agricultura limpa. Espero, daqui a 10 anos, ver esses projetos mais fortes e estabelecidos”, comenta.


Aos técnico-administrativos, ao corpo docente e ao corpo discente, o reitor deixa uma mensagem sobre a continuidade do trabalho que realizou na sua administração. “Nosso compromisso é o de prosseguir com a luta por uma Universidade pública e de reconhecida qualidade, se renovando, a fim de atender mais e melhor aos princípios norteadores da sua nobre missão. À UFS pertencem os frutos sadios do nosso saber, dos nossos ideais, da nossa capacidade de pensar e de realizar”.


Questionado sobre seu legado à universidade, Angelo Antoniolli argumenta que nenhuma sociedade pode ser plenamente livre quando o acesso ao conhecimento não é igual para todos. Acredita que o desafio de superar as desigualdades históricas acontece através da Educação, com um compromisso institucional e responsabilidade dos gestores públicos. E permitir às pessoas o acesso ao ensino público de qualidade é a forma mais democrática e legítima de superação das desigualdades sociais. 


O reitor reforça que a UFS possui uma visão estratégica que contribui não apenas para o progresso da sociedade por meio da geração e difusão do conhecimento, mas também, e, sobretudo, para a formação de cidadãos críticos, éticos e comprometidos com a construção de uma sociedade moderna, sustentável e de iguais.


Entre seus projetos futuros, espera após suas férias, quase que inexistentes durante sua gestão, buscar mais conhecimentos em Farmacologia, área onde pode melhor contribuir. “Estou interessado em me atualizar nos avanços da Farmacologia e também estarei disponível para contribuir com os colegas que me buscarem, em virtude da experiência adquirida durante a gestão desenvolvida nesses anos. Quero me aproximar dos Conselho Federal e Regional de Farmácia, para que possamos unificar a classe farmacêutica no estado de Sergipe, para pensarmos na Farmácia de forma ampla, a serviço da sociedade e da nossa gente”, conclui.