Desde o começo da pandemia, inúmeros compartilhamentos sobre prevenção e tratamento da Covid-19 se tornaram rotina. Na maioria das vezes, os conteúdos garantem que medicamentos, alimentos e até materiais de limpeza curam a doença. Foi a partir deste contexto que o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) lançou nesta terça-feira, 28, através das redes sociais, a campanha que enfatiza problemáticas da automedicação.
“Ainda não há dados oficiais sobre o perfil de consumo de medicamentos nos últimos meses no Brasil, mas é notório que há grande procura por medicamentos das classes dos polivitamínicos, anti-inflamatórios, analgésicos, antigripais e antiparasitários”, afirma Larissa Feitosa, tesoureira do CRF/SE. Ela acrescenta ainda que a prática da automedicação em grande escala torna-se preocupante, “incorre em vários riscos para a saúde, como o aparecimento de efeitos indesejáveis, reações alérgicas, interação medicamentosa, disfarce de sintomas graves ou sinais de alerta que exigiriam atenção médica especializada e, ainda, risco de intoxicação”, explica.
O uso de medicamentos como profilaxia
Por não haver comprovação científica, diversas entidades de saúde apontam que o uso de medicações como a cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no combate ao novo coronavírus é arriscado. A Organização Mundial da Saúde (OMS), assim como o Conselho Federal de Farmácia (CFF), constantemente tem combatido a desinformação acerca desse tema.
Diante da ausência de um medicamento comprovadamente eficaz, as informações seguras baseadas em evidências são imprescindíveis nesse momento. Embora existam diversos estudos sobre a eficácia de medicamentos para prevenção e tratamento da Covid-19, estes ainda não são conclusivos.
- Ivermectina
Segundo o Google, as buscas por este medicamento cresceram 125% do início de junho até 20 de julho comparados os 50 dias anteriores.
"Também não existem dados que indiquem qual seria a dose, posologia ou duração de uso adequada para impedir a contaminação ou reduzir a chance de gravidade da doença. Os resultados encontrados in vitro não podem ser tomados como verdadeiros in vivo", assinalava a nota técnica da Anvisa, publicada dia 9 de julho, que alertou contra os efeitos colaterais do medicamento e desaconselhava tal uso.
Vale ressaltar que alguns testes indicam bons resultados encontrados in vitro, em laboratório, o que não corresponde a eficácia in vivo, no corpo humano. E que estudos calcularam que a quantidade de ivermectina necessária para funcionar no tratamento da Covid-19 ultrapassa o limite seguro.
- Cloroquina
Diversos testes com cloroquina foram suspensos, após não apresentarem bons resultados no combate ao novo coronavírus, inclusive a OMS anunciou em 17 de junho sua remoção do ensaio clínico Estudo Solidariedade, como uma das opções de tratamento para a Covid-19.
Farmacêutic@s na linha de frente
Sem medicamento comprovadamente eficaz e sem vacina até o momento, a automedicação representa um grave risco à saúde. Apesar da excessiva desinformação nas redes sociais é necessário atenção ao uso abusivo e irracional de medicamentos.
Nas diversas farmácias espalhadas por Sergipe existem farmacêuticos responsáveis por orientar e dispensar medicamentos, e capacitados para atender e esclarecer os pacientes.
A diretora Larissa ressalta que com a possibilidade da compra de medicamentos sem receita, o recomendado é que a automedicação seja realizada mediante orientação do profissional farmacêutico, o que pode ser chamado de “automedicação assistida” ou “automedicação responsável”. “O farmacêutico é o profissional de saúde que se encontra à disposição da população no momento da aquisição dos medicamentos, se tornando o maior aliado na escolha do melhor tratamento para os sintomas a serem tratados ou, até mesmo, identificando as situações que em o usuário precise ser encaminhado para atendimento médico”, conclui.