Nesta segunda-feira, 20, o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) comemorou mais uma vez o Dia Nacional do Farmacêutico, com uma programação repleta de conhecimento e desmitificação. A solenidade aconteceu no Museu da Gente Sergipana e contou com o juramento de 48 novos farmacêuticos do estado, além do lançamento da Revista Perfil Farmacêutico e a palestra magna sobre a “Aprovação e regulamentação da Cannabis para o uso medicinal do Brasil”, com a Dra. Margarete Akemi Kishi, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
“Discutir o uso dos produtos derivados da Cannabis é também discutir o avanço científico e a necessidade de regulamentações”, afirmou o presidente do CRF/SE, Marcos Rios. Ele comentou ainda a necessidade de debater sobre a estigmatização e preconceito diante de novas alternativas eficazes.
Para a Conselheira Federal, Fátima Aragão, trazer à tona a regulamentação da Anvisa foi uma maneira de demonstrar ao farmacêutico a possibilidade de contribuir significativamente em relação a fitoterapia, um segmento da profissão, e, sobretudo, no cuidado do paciente que muitas vezes encontra-se desesperado pelos tratamentos sem sucesso.
A regulamentação do uso medicinal da Cannabis no país é motivo de comemoração, devido ao resultado de muita luta. “A trajetória pela regulamentação começou em 2014 quando uma família não via alternativa para seu ente querido e entrou na justiça requerendo a liberação para o uso de medicamentos derivados da Cannabis”, explicou a presidente da Comissão de Direito Médico e Saúde da OAB/SE, Clarissa França, defensora ativa pela garantia do acesso aos produtos.
Pontapé inicial na capacitação aos farmacêuticos
De acordo com a nova Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 327, de dezembro de 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a venda em farmácias de produtos à base de cannabis para uso medicinal no Brasil. A regulamentação possui validade de três anos. Isso implica em mais conhecimento sobre os produtos e consequentemente na dispensação, explica Dra. Margarete Akemi Kishi, professora e pesquisadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
“É necessário estudar e entender o que é Cannabis, saber dispensar de acordo com a Portaria nº344. Ou seja, se atualizar em relação a essa nova demanda da classe”, afirmou Dra. Margarete.
Segundo a palestrante, a procura por medicamentos à base da Cannabis é maior em relação às pessoas com epilepsia e dor crônica, o que reitera a necessidade de desmitificar o tema para o avanço de pesquisas no Brasil. Para ela a nova RDC é sinônimo de evolução, uma vez que os produtos serão rastreáveis e consequentemente trará mais segurança do paciente.
“Precisam deixar que as evidências científicas derrubem as barreiras criadas em cima do composto utilizado para fins recreativos. Estamos falando de substâncias de uso medicinal”, disse Marcos Rios. Para ele, os farmacêuticos devem oferecer seus serviços de cuidados aos pacientes que acreditam que a ciência pode vencer o preconceito. E acrescenta que “o CRF/SE buscará capacitar seus profissionais para que possam oferecer à sociedade a segurança necessária para o uso de tais produtos”.
Compartilhando conhecimento e desfazendo mitos
Com o desejo de mais discussões sobre substâncias da Cannabis para fins medicinais, a Conselheira Federal, Fátima Aragão, definiu como o tema da década, e considerou a palestra proveitosa pela necessidade de conhecer o assunto, tanto a comunidade, quanto para os profissionais de saúde. “Passaremos algumas décadas ou mais discutindo sobre isso, descobrindo benefícios dessas novas drogas como alternativas em tratamentos, então é imprescindível que os farmacêuticos e os demais profissionais estudem o assunto”, completou.
Para a farmacêutica Ana Paula Belizário, o evento abordou um conteúdo atual e que precisa ser discutido para evitar preconceitos, visto que é tratado sob outro viés. “Eu já fui a outros encontros com a mesma temática, mas esse foi um dos melhores eventos que já prestigiei, sobretudo, pela forma que foi abordado. Venho recebendo várias perguntas de pacientes interessados no uso medicinal da Cannabis, sejam eles com câncer terminal, epilepsia, parkinson e alzheimer, querendo melhores informações a respeito da sua verdadeira efetividade”, relatou.
Além dos farmacêuticos, estiveram presentes na solenidade o Dep. Estadual Georgeo Passos, o representante do Conselho Regional de Psicologia de Sergipe, Fernando Antônio Nascimento da Silva e familiares dos farmacêuticos homenageados.
