De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice de depressão no Brasil é o maior na América Latina. Cerca de 5,8% da população brasileira sofre com a doença – um total de 11,5 milhões de casos. Foi a partir desse contexto que o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) apoiou a mesa redonda ‘A Prática da Homeopatia em Sergipe: a colaboração para os cuidados com a depressão’, realizada pela farmacêutica Ana Paula Belizário, responsável técnica pela Vitta Manipulações, na última quinta-feira, 28 de novembro.
A homeopatia chegou no Brasil em 1840, reconhecida como especialidade médica em 1980, pelo Conselho Federal de Medicina, e como especialidade farmacêutica em 1993, através da Resolução nº 232, do Conselho Federal de Farmácia. Para a farmacêutica Ana Paula, essa prática terapêutica propicia uma cenário positivo no estado de Sergipe. “Hoje existem em torno de 25 médicos homeopatas no estado, cerca de três médicos atendem no sistema público em Aracaju, além disso temos o Movimento Popular de Saúde sempre investindo em conhecimento da homeopatia, farmácias que produzem medicamentos homeopáticos, disciplinas ofertadas nas universidades e pacientes interessados”, revela.
Com um conjunto de fatores positivos para o desenvolvimento da homeopatia em Sergipe, a tendência de buscar formas de tratamentos menos agressivas, redução de medicamentos sintéticos e redução de efeitos colaterais já faz parte do presente de muitas pessoas. “A prática da homeopatia possui características e princípios muito importantes para o tratamento da depressão”, afirma Ana Paula.
Para o farmacêutico Wellington Barros da Silva, professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e tutor da residência multiprofissional em saúde da família, e um dos integrantes da mesa, esse evento possibilitou a abordagem de como a homeopatia pode ser incorporada em um conjunto de práticas em promoção da saúde mental sob um aspecto da integralidade das ações em saúde. “A abordagem psicossocial necessita de práticas que sejam integradas, que promovam uma abordagem do paciente como pessoa, assim as práticas integrativas de saúde podem contribuir para esse olhar, e a homeopatia principalmente”, explica.
Acrescenta ainda em sua fala que é importante mostrar como o cuidado farmacêutico pode ser inserido nessa área, além de mostrar sua experiência na residência em saúde mental e saúde da família. “Temos acompanhado na residência na UFS a inserção das práticas integrativas na prática de atendimento aos pacientes, e consequentemente, abordando discussões sobre os benefícios da homeopatia”, complementa.
Com o objetivo de repensar formas da lógica homeopática, demonstrar a importância do multiprofissionalismo e confirmar a máxima “os medicamentos não têm doses, mas sim os pacientes”, a mesa redonda também contou a participação da psicóloga Ana Luiza Oliveira Sobral, a médica homeopata Dra. Angélica Hermínia e a Dra. Maria Floripes Soares Viegas.
Segunda Dra. Angélica Hermínia na consulta médica é necessário entender as características e as relações do paciente. “Na consulta você ouve desde o cabelo até o dedão do pé. A homeopatia é uma arte, é preciso ter uma relação de confiança entre o médico e o paciente”, diz. Ela ainda explica que trata-se de uma prática que tem como base a energia vital, e caracteriza-se por ser uma experiência de cima para baixo e de fora para dentro.
Em busca pela redução de medicamentos, a homeopatia é um sistema terapêutico que enfrenta desafios. Um dos mais frequentes é a pesquisa na área. E como exemplo de produção, a Dra. Maria Floripes Soares Viegas abordou resultados positivos no campo, onde revelou que pacientes relatam consumo significativamente menor de drogas psicotrópicas e melhoras na depressão, tais pacientes pacientes tratados por clínico gerais que praticam a homeopatia.
Para conhecer mais sobre a homeopatia como prática integrativa na comunidade, Júlia Santana Lisboa, farmacêutica do Centro de Atenção à Saúde de Sergipe (Case), conta que o evento é uma oportunidade de explorar sobre essa área pouco debatida no exercício profissional. “Na área de atuação esse assunto possui grande déficit, não vemos muitas especializações e discussões da importância do farmacêutico nesse campo, então eu sempre busco eventos que abordem o tema “, ressalta. Segundo a farmacêutica é um grande desafio fazer com que os próprios farmacêuticos e a população ressignifique o olhar sobre o profissional de saúde está sempre associado a medicamentos alopáticos. “O evento me fez ter mais esperança. Ver que tem gente que pesquisa e faz acontecer, abri campos para ideias de atuação”, revela.
O evento também contou com a presença da Conselheira Federal de Sergipe, Fátima Aragão, farmacêuticos, estudantes de farmácia, psicólogos e médicos homeopatas.