FARMACÊUTICOS NA LINHA DE FRENTE DA COVID-19: DESAFIOS NA ÁREA DE DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

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A pandemia causada pela Covid-19 realçou o impacto da profissão farmacêutica na sociedade e  algumas experiências exitosas ganham destaque pelos resultados, o que torna imprescindível a atuação de farmacêuticos nos diversos setores. O trabalho do   farmacêutico bioquímico, Cliomar Alves dos Santos, é um exemplo dessa realidade. É inevitável falar sobre o novo coronavírus e consequentemente o diagnóstico laboratorial, então foi a partir desse contexto que a Assessoria de Comunicação do CRF/SE entrou um contato com o superintendente do Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe (Lacen-Se) à frente do diagnóstico laboratorial para Covid-19 no Estado.


Um farmacêutico precisa ter uma visão holística dos acontecimentos, observar o processo como um todo. É o que comenta Cliomar Alves, também doutor em Ciências da Saúde. “Desde o dia 13 de março, nós iniciamos as análises para o Sars-Cov-2, isto é, começamos a fazer o teste de biologia molecular em Sergipe. E de lá pra cá foram vários desafios, onde tivemos que elencar as nossas contingências para definir quais e em que época deveriam ser ativadas”, explica. 


Por ter uma vasta experiência em biologia molecular, o superintendente ressalta que Sergipe foi um dos primeiros estados a serem treinados para a técnica. “Fui treinar no laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, a metodologia para ser utilizada no diagnóstico molecular do Sars-Cov-2, na época, para identificar o vírus em swabs, naso e orofaríngeos”, conta. E acrescenta ainda que a vivência na área de biologia molecular e a utilização do laboratório em toda formação de análises clínicas, farmácia e docência facilitou no compartilhamento didático nos treinamentos internos para os colegas depois do aprendizado na Fiocruz. 

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Demanda crescente e adversidades 


A partir do primeiro caso identificado em Sergipe no dia 14 de março, constataram o crescimento gradativo, indicado por sucessivos exames diagnosticados pelo Lacen-Se. “Em maio foram cadastradas 14.000 amostras no LACEN, em junho 16.000 e julho 23.000, onde esses últimos dois meses foram marcados por um pico de acontecimento desses casos”, aponta.


Cada etapa de interlocução com Ministério da Saúde (MS), bem como a Secretaria do Estado da Saúde (SES), Governo do Estado, Secretarias Municipais e com a diretoria da Fundação Parreiras Horta, onde o Lacen está situado, gera a necessidade de identificação dos problemas para resoluções. 


O farmacêutico e superintendente, Cliomar Alves é um dos responsáveis por essa interlocução e conta que mesmo com uma equipe altamente instruída e treinada, com capacidade técnica e laboratorial, a demanda advinda da pandemia, provocou gargalo de insumos, materiais e kits que acabavam rapidamente, o que motivou a decisão de algumas medidas. Dentre as contingências ativas estão a aquisição de insumos de kits materiais, horário de funcionamento e de pessoal.


Medidas efetivas em prol da sociedade


Em junho, o Lacen apresentou o maior período de atraso (10 dias) nas liberações dos resultados de exames para Covid-19. Por conta da grande demanda faltaram kits para a realização da coleta, e também houve mudança na logística da obtenção. “No início eram distribuídos pelo MS e de repente tivemos que comprar pelo estado, o que envolveu processos burocráticos e significou um momento dificultoso do laboratório”, revela. 


Além de insumos e materiais, outras contingências precisaram ser ativadas, como o horário de funcionamento, que antes era de 7h às 19h, e passou a funcionar 24h por dia. O que implicou diretamente na contratação de mais 34 profissionais, através do credenciamento da SES. O superintendente Cliomar conta que para essa cadeia logística funcionar é preciso prepará-la e estar bem embasada. “Minha formação de farmacêutico me auxiliou muito a ter essa base logística e administrativa para poder aplicar no Lacen”, diz.


Desde agosto, Sergipe é o estado que mais testa no Brasil, segundo o relatório ‘Status Geral De Processamento RT-PCR para Covid-19’, do MS, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Embora recebam elogios pela execução do trabalho, poucos conhecem o percurso de adversidades. “Não é fácil chegar a esse momento e mantê-lo. Tudo tem que ser pensado com antecedência. Planejamento e as pessoas trabalhando é fundamental”, relata.

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A ampliação da testagem e a liberação dos resultados em 24h, evidencia a atuação do profissional farmacêutico como parte essencial do processo. Essa evolução proporciona resultados mais rápidos, para que as pessoas possam fazer medidas de isolamento mais eficazes. Os médicos consigam proceder condutas clínicas com maior agilidade e presteza. As vigilâncias determinem medidas de controle, de curto, médio e longo prazo. Como também os governantes, para que elaborem os decretos e decidam por medidas a nível municipal e estadual, baseados nas análises do laboratório. “Temos consciência da notoriedade desse conjunto de respostas que o Lacen promove e estamos trabalhando diariamente para que isso continue e a população de Sergipe seja beneficiada nesse processo”.

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Em uma longa caminhada na Fundação de Saúde Parreiras Horta, Cliomar comenta que trabalha há 10 anos na instituição e há um ano e meio está no cargo de superintendente. “Para mim este é o melhor momento do Lacen, onde vem ganhando visibilidade, e hoje devido a sua importância no diagnóstico de doenças de caráter de saúde pública, não só dos leigos, mas também dos nossos representantes. Estamos conseguindo evoluir por conta dessa visibilidade e isso é fundamental para que tenha análise crítica nesse momento”, completa.

26/08/2020 15:00
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